|
|||
|
|||
|
Documento
de trabalho última actualização em Dezembro 2000 |
Contacto para comentários e sugestões: Silva, Pedro Ribeiro |
Nos últimos anos tem-se assistido a mudanças culturais rápidas nos países ocidentais que geraram um conflito dos valores tradicionais. Predominam as famílias nucleares e aumentaram as famílias monoparentais. Diminuíram as diferenças entre o modo de vida urbano e o rural. Este, identificando-se com o primeiro, adoptou o consumismo, o individualismo próprio das cidades em detrimento das relações de vizinhança, do convívio social e dos valores da solidariedade próprias das famílias alargadas. Estas alterações modificaram as relações inrterpessoais os hábitos de vida e de consumo bem como os papéis sociais. Os infantários e as instituições especializadas em ocupação de tempos livres substituem os pais na educação das crianças desqualificando-os e pondo em causa a sua autoridade biológica. As exigências da vida de trabalho actual não dão tempo aos pais para conhecer os filhos e darem-se a conhecer transmitindo-lhes, em alternativa, bens materiais para compensarem a ausência dos bens afectivos e emocionais. As crianças são colocadas precocemente perante a gestão económica conduzindo-as ao consumismo. Os pais têm de ultrapassar a desqualificação a que foram votados através do diálogo com os filhos, fazendo conhecer as regras familiares, ensinando os filhos a ser, a estar e a partilhar os interesses familiares. Os pais são a referência estruturante para os filhos e não podem demitir-se da sua autoridade. Assim, cabe ao médico de família nas consultas de saúde infantil e juvenil informar os pais que podem estar a promover o consumo da droga: 1. Dando aos filhos quantidades de dinheiro para além das suas necessidades. 2. Tendo em casa medicamentos que podem ser utilizados como drogas: hipnóticos, anorexigenos, analgésicos opiáceos; 3. Recusando o diálogo; 4. Rotulando de drogado quem o não é. Quando os pais aparecem preocupados na consulta, o médico deve ouvir as suas dúvidas e os seus medos sobre as relações com os filhos, a potencial perda da autoridade, a incapacidade de diálogo e até o desespero. O médico deve responder de forma clara e objectiva às perguntas. Caso não saiba responder deverá ser honesto e procurar a resposta adequada logo que oportuno. Por vezes pode devolver a pergunta aos pais e pô-los a pensar sobre o problema; por exemplo, "qual é a sua opinião?" ou "o que pensa sobre isso?". Deve propor que os pais partilhem diariamente o espaço com os filhos procurando saber como vão os estudos e o progresso escolar, se os filhos têm amigos, manifestando interesse em conhecê-los, etc.. Os pais podem propor passeios, idas ao cinema, ao teatro ou a concertos em conjunto. Devem procurar passar as férias em família. 1 Bibliografia Patrício L.B. Face à droga: como (re)agir. Dezembro 1997. Antunes & Amílcar, Lda. Gammer Carole, Cabié Marie Christine. Adolescência e crise familiar. Trad. Pereira Maria Emília. Lisboa. Out/99. CLIMEPSI, 1ª Edição |