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Parte IV – Problemas clínicos
4.8. Abordagem do paciente com problemas musculo-esqueléticos

292. Problemas do membro superior
Anabela Bitoque

Documento de trabalho
última actualização em Dezembro 2000

Contacto para comentários e sugestões: Nogueira, R;
Silva, Eugénia

1
Epicondilite («cotovelo do tenista»)
Inflamação tendinosa ao nível da inserção no epicôndilo umeral, dos músculos extensores do antebraço. Resulta de micro traumatismos, por utilização repetida, como no ténis, ou a tricotar. Ver abordagem desta patologia no texto 290.
2
Epitrocleíte («cotovelo do golfista»)

Inflamação tendinosa ao nível da inserção na epitróclea umeral, do músculo flexor comum do antebraço. Resulta de micro traumatismos repetidos, em actividades domésticas, ou manuais e nos golfistas. Ver abordagem desta patologia na unidade de texto 290.
3
Bursite olecraniana

Inflamação da bursa olecraniana, resultante de traumatismos, ou pressão repetida, deposição microcristalina (cristais de ácido úrico - gota), de artrite inflamatória, como a artrite reumatóide, ou de infecção (artrite séptica), com possibilidade de confirmação etiológica, após aspiração e cultura, para terapêutica adequada. Ver abordagem desta patologia na unidade de texto 290.
4
Pseudogota, ou periartrite calcificante

Dor e edema do cotovelo, resultante da inflamação subsequente à deposição de cristais de hidroxiapatite, junto da articulação.
Ver abordagem desta patologia na unidade de texto 290.
5
Osteoartrose nodular dos dedos

Deformação das articulações interfalângicas proximais – nódulos Bouchard e das articulações interfalângicas distais – nódulos de Heberden, que podem ser dolorosos e que em fases avançadas pode conduzir à impotência funcional das articulações afectadas. Mais frequente nas mulheres, tem incidência familiar e não tem relação com a osteoartrose generalizada. Ver abordagem desta patologia na unidade de texto 290.
6
Rizartrose
Pode associar-se à osteoartrose nodular dos dedos e resulta da osteoartrose da articulação metacarpo-falângica do polegar, que condiciona dor e deformação fixa em adução. Ver abordagem desta patologia na unidade de texto 290.
7
Artrose trapézio-metacárpica do polegar
Osteoartrose da articulação trapézio-metacárpica do polegar, com diminuição da força de preensão e da destreza, dor e crepitação à palpação. Ver abordagem desta patologia na unidade de texto 290.
8
Tenosinovite de De Quervain
Inflamação do tendão do longo abdutor e do curto extensor do polegar, na apófise estiloideia do rádio, o que provoca dor e crepitação à mobilização do polegar, que resulta de micro traumatismos repetidos, em certas tarefas manuais, como bordar, tricotar, ou descascar frutos. A manobra de Finkelstein (reprodução da dor, quando o polegar é agarrado pelos restantes dedos e se faz a flexão palmar, com desvio cubital do punho) faz o diagnóstico diferencial com artrite do punho. Ver abordagem desta patologia na unidade de texto 290.
9
Dedo em Gatilho
Deformação em flexão dum dedo, por espessamento nodular do tendão que lhe impede deslizar sob a bainha. Ver abordagem desta patologia na unidade de texto 290.
10
Síndrome do Canal Cárpico
Mais frequente em mulheres de meia-idade, caracteriza-se por dor e parestesias de predomínio nocturno, na região palmar e nos I, II, III dedos da mão, irradiando ao antebraço. Tardiamente surge atrofia da eminência tenar. Resulta da compressão do nervo mediano no canal cárpico por sinovite do punho, ou por calo ósseo pós-fractura do punho, ou por edema, como no hipotiroidismo, ou após a menopausa. Pode associar-se a alcoolismo, diabetes, gravidez ou a artrites inflamatórias.
O diagnóstico clínico faz-se pelo:
- teste de Phalen: a hiperflexão do punho durante um minuto desencadeia os sintomas.
- Sinal de Tinel: a percussão do nervo mediano na face anterior do punho desencadeia formigueiro no território deste nervo.
- Electromiograma: abrandamento da velocidade do nervo mediano no tunel cárpico pode confirmar o diagnóstico em casos em que aqueles testes são negativos, ou quando existe diminuição da força muscular.
Ver abordagem desta patologia na unidade de texto 290.
11
Tendinite calcificante
Deposição de cristais de hidroxiapatite de cálcio nos tendões, ou articulações do punho, ou da mão, que apresentam sinais inflamatórios evidentes. O diagnóstico é radiológico, mas quando a instalação súbita do quadro levanta suspeitas de infecção aguda, pode aspirar-se o líquido sinovial para cultura, ou pesquisa de cristais. Ver abordagem desta patologia na unidade de texto 290.
12
Quistos sinoviais
Divertículos da sinovial da cápsula articular do punho, que se observam como massas no punho, ou na mão, de dimensões variáveis, compressíveis, recorrentes, por vezes dolorosos, ou inestéticos. Ver abordagem desta patologia na unidade de texto 290.
13
Contractura de Dupuytren
Espessamento nodular da aponevrose palmar de uma, ou ambas as mãos, com atingimento frequente do IV e V dedos, que apresentam compromisso funcional, por contractura em flexão, com dor e limitação na extensão da palma da mão e dedos. A etiologia desta situação é desconhecida, mas existe predisposição genética e predomina nos homens acima dos 50 anos. A incidência é superior nos alcoólicos e em certas doenças crónicas, como cirrose, diabetes, epilepsia e tuberculose. A terapêutica justifica-se pelo compromisso estético e funcional e consiste na infiltração com triamcinolona, ou na reconstrução cirúrgica.
14
Mão Reumatóide
A artrite reumatóide pode começar por tumefacção dolorosa, com limitação dos movimentos das articulações metacarpo-falângicas, interfalângicas proximais dos dedos e dos punhos, de predomínio matinal, em consequência dum processo de sinovite. Mais tardiamente aparecem alterações estruturais características da mão reumatóide, com deformações típicas.
Ver abordagem desta patologia nas unidades de texto 290 e 298.
15
Paroníquias
Dor e infecção em redor das unhas. Ver abordagem desta patologia na unidade de texto 290.
16
Pulpite
Dor, eritema e edema da polpa da extremidade digital. Ver abordagem desta patologia na unidade de texto 290.
17
Bibliografia
Goroll et al. Cuidados Primários em Medicina. 3ª Edição. Ed. McGraw-Hill de Portugal, 1997.

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Viana de Queiroz e colaboradores. Síndromes Dolorosos Regionais do Aparelho Locomotor. Ed. C.P.E.R., Lisboa, 1987.