|
|||
|
|||
|
Documento
de trabalho última actualização em Dezembro 2000 |
Contacto para comentários e sugestões: Jordão, J Guilherme |
Numerosos estudos observacionais e retrospectivos apontam inequívocas vantagens na utilização das terapêuticas hormonais de substituição (THS). Elas melhoram a qualidade de vida diminuindo os sintomas desagradáveis da menopausa; tratamentos prolongados diminuem o risco de doença cardiovascular, melhoram o perfil lipídico, o risco de osteoporose, do AVC, do cancro colo-rectal e de D de Alzheimer, impedem a atrofia urogenital limitando as doenças que daí advêem. Contudo, dados do estudo HERS («Heart and estrogen/ progestin replacement study») vieram refrear os ânimos dos mais entusiastas defensores das THS. Neste estudo, os resultados avaliados foram o enfarte do miocardio não fatal ou a morte por doença coronária. A THS não prevenia os acidentes cardiovasculares ou a morte nas mulheres com doença coronária grave estabelecida, nem influenciavam o prognóstico (apesar dos benefícios significatívos a nível dos lípidos). A taxa de acidentes cardiovasculares foi mais elevada (versus os que fizeram placebo), durante o primeiro ano, embora fosse mais baixa nos anos seguintes. Houve também um risco mais elevado de trombose venosa profunda, embolia pulmonar e de doença da vesícula biliar. Contudo, o estudo HERS incide na prevenção secundária, não deveremos extrapolar os dados para prevenção primária. Enquanto se aguarda os resultados de um grande estudo (NHL-BI), decisões de fazer/ não fazer THS deverão ser tomados à luz dos conhecimento actuais, tomando também em linha de conta os resultados dos estudos observacionais anteriores, nomeadamente o estudo PEPI e o estudo das enfermeiras saudáveis. 1 Quem deverá fazer terapêutica hormonal de substituição? Quem assim o desejar, partindo-se do pressuposto que a soma total dos benefícios iguala ou ultrapassa os riscos. Muitos autores consideram que são contra-indicações absolutas para este tipo de tratamento o cancro hormono-dependente, a doença hepática activa, a trombose activa e perdas hemáticas vaginais de causa desconhecida. Serão contra indicações relativas a doença hepática crónica, a hipertriglicidemia grave (pelo risco de pancreatite), a endometriose, tromboembolismo de origem hormonal, embolia pulmonar não devido a trauma. A THS pode agravar os episódios de migraine nas mulheres que melhoraram os seus episódios de enxaqueca após a menopausa. Poderão beneficiar especialmente da THS as mulheres com factores de risco acrescido para doença coronária e osteoporose, as mulheres com menopausas precoces e as mulheres com menopausas cirúrgicas. A decisão final deverá ser sempre uma decisão partilhada, equacionando-se para aquele caso específico as vantagens e desvantagens da terapêutica, a vontade da mulher cumprir determinados procedimentos preventivos e a sua aceitação das hemorragias vaginais que ocorrem com as terapêuticas de oposição, únicas de risco aceitável para as mulheres de útero intacto. 5
2
Quadro II
*Só devem ser utilizados nas mulheres histerectomizadas Cauley JA, Seeley DG, Browner WS, e col. Estrogen replacement therapy and mortality among older women. The study of osteoporotic fractures. Arch. Intern. Med. 1997, 157: 2181-2187. Daniel Silva, José António P Silva - Terapeutica Hormonal de substituição- Na prática clínica. Gallagher JC, MD, Barbaras S, Hulka MD, Veronica Ravnikar MD, Amparo C, Vilablanca MD. Porque faz sentido a THS. Patient Care Edição Portuguesa 1997; 873-2167:82-99. George T, Griffing MD. Estrogenioterapia na menopausa. Relação risco-benefício. Postgraduate Medicine Edição Portuguesa 1995;43:59-67. Gloria A Bachmann, MD. As mudanças antes da «mudança»-climatério. Estratégias na transição para a menopausa. Postgraduate Medicine Edição Portuguesa 1995;41:28-35. Gordon T, Kannel WB, Hjortland M, MacNamara PM. Menopause and coronary heart disease: the Framingham study. Ann Int Mes 1978;89:157-161. Grodstein F, Martinez ME, Platz EA col. Postmenopausal hormone use and risk for cololrectal cancer and adenoma. Ann Int Med 1998; 128: 705-712. HecKbert SR, Weiss NS, Koepsell TD, e col. Duration of estrogen replacement therapy in relation to the risk of incident myocardial infarction in posmenopausal women. Arch. Int. Med 1997: 157; 1330-1336. Hulley S, Grady D, Bush T, e col., for the HERS Research Group. Randomized trial of estrogen plus progestin for secondary prevention of coronary heart disease in posmenopausal women. JAMA 1998; 280; 605-613. Lawrence M, Jones L, Lancaster T, Daly E and Banks E. Hormone replacement therapy: patterns of use studied computerized records. Family Practice 1999; 16:335-342. M Dianne Delva. Hormone replacement therapy-Risks, benefits and costs. Canadien Family Physician 1993; 39: 2149-2154. Margareta Falkborn, Ingman Persson, Andreas Terent, Hans Olav Adami, Hans Lithell, Reinhold Bergstrôm. Hormone Replacement Therapy and the risk of stroke. Follow up of a Population-Based Cohort in Sweeden. Arch Intern Med 1993, 153: 1201-1208. Meir J, Stampper MD, Walter C, willet MD, Graham A, Coldits MBBS, Bernard Rosner, Frank E, Speizer MD, Charles H, Hennekens MD. A propective study of posmenopausalbestrogen therapy and coronary heart disease. The New England Journal of Medicine 1985; 313: 17: 1044-1048. Nannanda F,Col MD, Marianne Legato, MD, Isac Schiff MD. Terapêutica hormonal de substituição: novos dados, continuam as controversias. Patient Care Edição Portuguesa 1999; 873-2167:48-66. Ottesen B, Pedersen AT.Physiological effects of ovarien hormones. Clinical aspects and compliance. European heart Journal 1996; 17 (Suppl D): 20-26. Simposium Terapêutico 1999. Tang MX, Jacobs D, Stern Y, e col. Effect of oestrogen during menopause on risk and age of onset of Alzheimer’s disease. Lancet 1996; 348: 429-432. The Writing Group for the PEPI Trial. Effects of Hormone Replacement Therapy in Endometrial Hystology in postmenopausal women. The Postmenopausal Estrogen/progestin Interventions (PEPI) Trial. JAMA 1996; 275: 370-375. The writing group for the PEPI trial. Effects of estrogen or estrogen/progestin regimens on heart risk factors in postmenopausal women: the postmenopausal estrogen/progestin interventions (PEPI) trial. JAMA 1995; 273: 199-208. |