Para a maior
parte das mulheres a gravidez tem um significado intenso na sua vida e
a perspectiva de perder o bebé provoca ansiedade, stress e tristeza.
Nas situações de muito stress, são mais acentuadas
as formas depressivas e de ansiedade, acompanhadas por sentimentos de
culpa e de preocupação com o seu futuro reprodutivo. A maior
intensidade de sentimentos verifica-se na mulher que deseja fortemente
a gravidez, que esperou muito para a alcançar, não tem filhos
ou teve abortos sucessivos. Avaliação de satisfação
efectuadas em mulheres pós-aborto revela uma alta percentagem de
revolta para com o tratamento médico. As principais queixas são
falta de sensibilidade médica e falta de oportunidade para discutir
o significado pessoal de perda.
A satisfação é maior quando é logo realizada
uma consulta de «follow-up» para discussão de perda,
onde são postas as questões do porquê e qual a orientação
a seguir.
A abordagem essencial à mulher no pós-aborto é de
suporte psicológico e emocional no sentido de:
1. Facilitar o sentimento de auto-estima;
2. Modificar os sentimentos de culpabilidade;
3. Fomentar o papel do cônjuge como suporte emocional;
4. Apoio espiritual nas mulheres crentes incluindo a realização
de cerimónia fúnebre ao seu bebé;
5. Envio para centro especializados para realização de exames
complementares de diagnóstico para rastreio de anomalias físicas,
genéticas, endócrinas e infecciosas que condicionam o aborto
espontâneo.
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