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Parte IV – Problemas clínicos
4.11. Abordagem do paciente com problemas no aparelho genital

351. Balanite
Xisto Gonçalves
Gonçalves, G.

Documento de trabalho
última actualização em Dezembro 2000

Contacto para comentários e sugestões: Baleiras, Sebastião


Balanite é a inflamação da glande e do prepúcio.
A celulite da glande pode acontecer como consequência da falta de higiene, traumatismo e corrimentos, em crianças, mas é maioritariamente observada em homens sexualmente activos após o coito, incontinentes ou com Diabetes Mellitus.
A transmissão sexual é pouco importante, sendo a balanite o resultado do desenvolvimento de bactérias e fungos no ambiente quente e húmido que se encontra por baixo do prepúcio.
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Etiologia
A etiologia pode ser determinada pelo exame directo e cultural da primeira emissão matinal de urina e se negativo pelo exame do contacto sexual.
Os principais agentes etiológicos são a Candida albicans, a Tricomonas vaginalis e a Gardenerella vaginalis.
A inflamação pode ser devida ocasionalmente a reacção de hipersensibilidade ao contacto com a Candida albicans (sendo necessário o tratamento do parceiro sexual) ou por atopia e irritação química (sabão, latex, cremes anticoncepcionais, lubrificantes, etc.).
A balanite pode também ser devida a traumatismos ou pós-cirúrgica com infecção da ferida operatória onde os agentes etiológicos são o estreptococos e o estafilococos.
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Clínica
O diagnóstico é feito pela clínica.
- Usualmente de aparecimento no dia seguinte à relação sexual.
- Sintomas - dor local, rubor, calor e edema da glande.
Associada por vezes a:
- Inflamação do prepúcio;
- Febre e calafrios;
- Ulceração da glande e prepúcio;
- Aumento dos gânglios inguinais;
- Disúria;
- Eventual sépsis na criança.
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Tratamento
A medicação tem um papel limitado e a base do tratamento é manter a glande e o prepúcio limpos e secos.
Se o prepúcio tiver um orifício estreito e houver a possibilidade de parafimose ou balanites de repetição, deve ser aconselhada a circuncisão.
A medicação é geralmente tópica, sendo útil:
- C. albicans - Nistatina e imidazois. Nos casos mais graves pode ser necessário o uso dum antifúngico por via oral, como o Fluoconazol;
- T. Vaginalis:
1. Crianças - metronidazol 10 a 30 mg/kg de peso, via oral, 3x dia, durante 7 dias;
2. Adultos - metronidazol 2 g, via oral, dose única ou 250 mg, 3x dia, durante 7 dias.
- G. Vaginalis:
1. Crianças - metronidazol 10 a 30 mg /kg de peso, via oral, 3x dia, durante 7 dias;
2. Adultos - metronidazol 500 mg, via oral 2x dia, durante 7 dias.
ou
Ampicilina 500 mg, via oral, 4x dia, durante 7 dias.
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Prevenção e Aconselhamento
O doente deve ser aconselhado a manter a glande limpa e seca.
Deve abster-se da actividade sexual, durante as agudizações, já que o traumatismo e o meio húmido agravam e perpetuam a balanite.
A transmissão sexual da Candida não é relevante e deve-se lavar e secar a glande após o coito ou sexo oral. A parceira sexual deve ser tratada.
O prepúcio deve ser algo retraído durante a micção.
Após o tratamento não há necessidade de seguimento e a terapêutica preventiva com tópicas não tem indicação.