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Introdução
As Salmonellas são bacilos Gram-negativo da família Enterobacteriaceae
caracterizados pelos antigénios O (somático ou parietal),
H (flagelar) e K ou Vi (superficial). Existem cerca de 2200 serotipos.
As salmoneloses podem ser classificadas em 3 grupos mediante os aspectos
clínicos (1) formas septicémicas (febres tifóide
e paratifóides), (2) gastroenterites (toxi-infecções
alimentares) e (3) outras salmoneloses menos frequentes (meníngeas,
hepáticas, pulmonares, osteo-articulares, bacteriemias e outras)
ou mediante os aspectos epidemiológicos (1) as que estão
altamente adaptadas ao hospedeiro humano - S. typhi, paratyphi A, B, C
e sendai (patogénica apenas para humanos e causa comum de febre
entérica), (2) as que estão adaptadas a hospedeiros não
humanos - provocam doença apenas nos animais, com excepção
das S. dublin e choleraesuis, que também são patogénicas
para o homem e (3) aquelas cujos hospedeiros naturais são os animais,
mas que podem contaminar o homem (antropo-zoonoses) - actualmente este
é o grupo mais importante, já que corresponde às
Salmonellas responsáveis habitualmente pelas toxi-infecções
alimentares.
Têm uma distribuição mundial.
A transmissão é feita através da ingestão
de água e de alimentos contaminados com fezes ou urina de pessoa
ou animal infectado e prossegue pessoa a pessoa através das mãos
e utensílios contaminados. Produtos farmacêuticos de origem
animal são fontes potenciais.
A susceptibilidade é geral e maior nos indivíduos com história
de cirurgia gastrointestinal, acloridria, terapêutica com antiácidos,
antibióticos de largo espectro ou imunossupressores, neoplasia,
mal-nutrição, S.I.D.A. e outras condições
debilitantes.
A incidência específica por idade é máxima
nos menores de 5 e maiores de 70 anos, com um pico durante o primeiro
ano de vida.
A mortalidade é muito rara, excepto nas crianças muito pequenas,
nos idosos, nos debilitados, nos imunocomprometidos e nas formas septicémicas.
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O problema
na prática clínica
Em Portugal, os casos notificados de febre tifóide e paratifóide
e de outras salmoneloses, nos anos de 1992 a 1998, foram os seguintes:
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Quadro I
Casos notificados de febre tifóide e paratifóide
|
ANO |
1992 |
1993 |
1994 |
1995 |
1996 |
1997 |
1998 |
Febre
tifóide e paratifóide |
275 |
348 |
327 |
426 |
341 |
283 |
299 |
Outras
salmoneloses |
134 |
228 |
195 |
199 |
206 |
179 |
334 |
A febre tifóide,
cujo agente causal é a S. typhi, tem uma incidência mundial
anual estimada em cerca de 17 milhões de casos. Em Portugal apresenta
uma taxa de morbilidade elevada, similar às verificadas nos países
do sul da Europa.
O período médio de incubação varia de 1 a
3 semanas.
Na 1ª semana de doença surge febre, cefaleias, prostração,
dor abdominal (caracteristicamente na fossa ilíaca direita), obstipação,
exantema maculopapular tóraco-abdominal em 10% dos doentes e moderada
hepatoesplenomegalia; em 30-40% dos casos há dissociação
esfigmotérmica.
Na 2ª semana pode haver alterações do estado de consciência
(delírio, estupor ou coma), tosse seca, bem como epistáxis,
diarreia aquosa (em «água de ervilhas») ou com sangue
e, por vezes, vómitos em simultâneo. Na 3ª semana surgem,
em cerca de 1 a 2% dos casos, complicações como hemorragia
ou perfuração intestinal por ulceração das
placas de Peyer a nível do íleo. Pode ocorrer surdez ligeira.
Contudo, a febre tifóide pode apresentar-se sob outras formas clínicas
(febre apenas, pseudo-gripe, pseudo-infecção do tracto urinário,
pseudo-apendicite, pseudo-oclusão, quadro psíquico, formas
alteradas pela medicação e outras).
Verifica-se leucopenia, excepto nas complicações que cursam
com leucocitose, anemia e, por vezes, trombocitopenia; a reacção
monocitária é característica da S. typhi. As provas
hepáticas podem estar alteradas, com aumento das transaminases
e das bilirrubinas. Pode ocorrer proteinúria.
A evolução para a cura é, em regra, de 4 semanas,
mas pode durar meses; as recaídas ocorrem em cerca de 5-10% dos
casos. A mortalidade é de 1-10%, incluindo os doentes tratados.
A febre paratifóide apresenta uma clínica semelhante, mas
mais ligeira e uma taxa de mortalidade ainda menor. É 10 vezes
menos frequente que a febre tifóide e as recaídas ocorrem
em cerca de 3-4% dos casos. A dose infectante é muito menor para
a febre tifóide do que para a paratifóide.
A transmissão das S. typhi e paratyphi faz-se através da
ingestão de água ou alimentos contaminados por fezes ou
urina de doentes ou portadores (crustáceos retirados de leitos
de água contaminados por esgotos, frutas e outros vegetais, leite
e lacticínios crus contaminados por mãos de portadores ou
de casos não diagnosticados). A transmissão nas áreas
endémicas, onde as condições sanitárias não
são adequadas, faz-se mais frequentemente pela água; nos
países desenvolvidos faz-se mais pelos alimentos contaminados durante
a preparação. Moscas podem infectar alimentos, transportando
os bacilos das fezes. Enquanto o bacilo estiver presente nos excreta há
transmissão - geralmente desde a 1ª semana até à
convalescença e por períodos variáveis após
a cura (geralmente 1-2 semanas para a paratifóide). Cerca de 10%
dos doentes não tratados eliminam bacilos durante os 3 meses a
seguir ao início dos sintomas e 1 a 5% tornam-se portadores crónicos
(eliminam Salmonellas nas fezes durante mais de 1 ano). O estado de portador
crónico é mais comum entre pessoas com mais de 50 anos,
mulheres e possuidores de patologia biliar (discinesia, litíase
ou outra); frequentemente apresentam colecistite tifóide e têm
maior risco de adquirir cancro hepatobiliar que a população
geral. Os contactos familiares podem ser portadores temporários.
Na maior parte do mundo, os portadores intestinais são mais frequentes
que os urinários; estes encontram-se com frequência nas áreas
em que também ocorrem infecções pelo Schistosoma
haematobium.
As Salmonellas mais frequentemente responsáveis pelas toxi-infecções
alimentares são: typhimurium (causa crescente de gastroenterite
na Grã-Bretanha, onde já se registam 14% de casos resistentes
à ciprofloxacina), enteritidis, heidelberg, newport, infantidis,
agona, montevideo e saint paul. Provavelmente não será possível
erradicá-las, dado estarem tão difundidas na natureza. As
galinhas (e outros animais utilizados na alimentação) recebem,
por rotina, quantidades infra-terapêuticas de antibióticos
como promotores de crescimento. Como resultado, surgem estirpes resistentes
no seu intestino que são eliminadas pelas fezes; se o estrume for
utilizado como fertilizante, estas Salmonellas passam para os vegetais.
Se estes forem consumidos crus, as Salmonellas resistentes podem penetrar
no tubo digestivo humano e multiplicar-se. São conhecidas estirpes
cuja resistência a 5 drogas padrão passou de 0,6 para 34%
entre 1980 e 1996. Alimentos pré-preparados como pastéis
com creme, maionese, «patés» e «hamburgers»
são frequentes veículos de transmissão. A manutenção
dos alimentos contaminados à temperatura ambiente favorece a multiplicação
dos germes. As moscas podem infectar alimentos nos quais os microorganismos
se podem multiplicar até alcançar o limiar infectante. A
incidência destas salmoneloses entre indivíduos com SIDA
é muito superior à da população em geral,
o que reforça a ideia de que os alimentos distribuídos em
grande escala estarão frequentemente contaminados com pequenas
doses dos agentes patogénicos. Curiosamente, estas salmoneloses
são consideradas doenças civilizacionais, já que
que são raras em países em desenvolvimento onde a produção
e o consumo de alimentos são locais; em contraste, nos EUA, por
exemplo, aproximadamente 1% da população é infectada
em cada ano.
O diagnóstico é mais fácil nas formas colectivas.
Estas salmoneloses apresentam-se com um quadro de gastroenterite, que
surge entre 6 a 72 horas após a ingestão, com náuseas,
dor abdominal, seguidos de diarreia, febre e, por vezes, vómitos.
Geralmente as fezes são aquosas e raramente surge muco ou sangue;
quando o cólon é atingido pode surgir disenteria. Quando
observadas ao microscópio, as fezes contêm numerosos leucócitos.
A doença é ligeira, durando 2-5 dias. Estes tipos de Salmonellas
são capazes de, por vezes, provocar nos recém-nascidos e
crianças pequenas um síndrome grave; ocasionalmente, instala-se
um quadro semelhante a cólera. Cerca de 0,2-0,6% dos indivíduos
permanecem portadores crónicos de Salmonellas não-typhi,
não tendo um papel importante no eclodir das toxi-infecções.
As S. choleraesuis e typhimurium são as causas mais comuns de bacteriemia
não tifóide (bacteriemia que ocorre em 3-8% das infecções
não tifóides) e de infecção focal (até
10% dos doentes com bacteriemia) que pode começar por enterocolite
aguda e/ou septicemia. As S. typhi e paratyphi também podem originar
bacteriemia contínua ou intermitente. O agente pode localizar-se
num determinado tecido do organismo produzindo abcessos e causando artrite
séptica, colecistite, endocardite, pericardite, pneumonia, meningite,
glomerulonefrite, pioderma e outros; os indivíduos com doença
das células falciformes têm um maior risco de osteomielite.
A ocorrência de calafrios após um episódio recente
de diarreia infecciosa deve alertar para a possibilidade de um foco metastático,
que nos doentes mais idosos está mais frequentemente no sistema
cardiovascular.
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Avaliação diagnóstica
O método de diagnóstico mais importante nas 1ª e 2ª
semanas de doença é o isolamento da Salmonella, a partir
do sangue periférico, por hemocultura. No caso da febre tifóide,
se não estiver a ser tratada com antibióticos activos, as
percentagens de positividade da hemocultura são de 90% na 1ª
semana, 75% na 2ª, 40% na 3ª e 10% na 4ª; nas recaídas,
as percentagens são, no início, comparáveis às
observadas na 1ª semana. Nas toxi-infecções alimentares
as hemoculturas tornam-se positivas já após a resolução
da gastroenterite.
A coprocultura e urinocultura, raramente positivas na 1ª semana,
tornam-se positivas a partir da 3ª ou 4ª semanas; o número
de Salmonellas excretadas pode ser pequeno, em particular no portador;
a coprocultura deve sempre ser pedida paralelamente à hemocultura
(com antibiograma) e à serologia se se suspeita de febre tifóide
ou paratifóide. A coprocultura deve ser pedida também aos
contactos domiciliários que estejam envolvidos na manipulação
de alimentos e nos cuidados a crianças, doentes e idosos. Por outro
lado, a coprocultura é o único método que permite
confirmar rapidamente a etiologia de uma toxi-infecção alimentar
por Salmonella e que permite afirmar que um indivíduo é
portador.
A mielocultura é altamente sensível, atingindo 90% de positividade,
mas muito incómoda, apenas justificável em casos particulares.
A serologia (reacção de Widal) é um mau suporte diagnóstico:
é inútil nas toxi-infecções alimentares e
pode ter apenas um valor retrospectivo nas septicemias (o aumento de 4
vezes dos anticorpos O e H em amostras com 2 semanas de intervalo sugere
infecção); os seus resultados devem ser interpretados com
cautela, dado os falsos positivos e negativos que apresenta.
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Possibilidades
de intervenção em Medicina Familiar
Na febre tifóide, o uso de antibióticos diminui marcadamente
a severidade e a duração da doença, bem como as complicações
e a mortalidade. O cloranfenicol (50 mg/kg/d PO ou IV, 6/6 ou 8/8 h, 14
dias - 1/25000 casos de anemia aplástica) é ainda largamente
usado em todo o mundo. Contudo, a excelente actividade da 3ª geração
de cefalosporinas e a crescente resistência ao cloranfenicol e à
ampicilina (100 mg/kg/d IM ou IV, 6/6 h, 14 dias) tornaram o ceftriaxone
uma 1ª escolha (15 mg/kg IM ou IV, 12/12 h, 14 dias). A ciprofloxacina
(500 mg PO, 12/12 h, 14 dias) não é recomendada em doentes
com menos de 18 anos de idade. O cotrimoxazol pode ser usado, particularmente
nas crianças (160/800 mg PO, 12/12 h, 21 dias). A eficácia
do tratamento é avaliada pela negativação das hemoculturas
e das coproculturas. As Salmonellas podem persistir nas fezes até
6 meses depois do episódio de doença aguda. Deve proceder-se
a isolamento entérico durante a doença; será suspenso
após a obtenção de, no mínimo, 3 (se febre
tifóide ou paratifóide) culturas negativas com o intervalo
de, pelo menos, 24 horas, se o doente trabalha com alimentos ou se frequenta
ou trabalha num estabelecimento de ensino (Decreto Regulamentar nº
3/95); se o estado de portador durou 1 ano ou mais, devem obter-se 3 culturas
negativas de amostras de fezes e urina, colhidas a intervalos de, pelo
menos, 1 semana antes do regresso à actividade. Tornam-se portadores
crónicos assintomáticos, pela persistência das salmonelas
nos canais biliares, 1-3% dos doentes. A presença de títulos
elevados de anticorpo para o polissacárido Vi é altamente
sugestiva de portador. Devem ser identificados e tratados os portadores
crónicos (principais fontes de infecção) e informada
a Autoridade de Saúde; a ocorrência de 1 único caso
de doença significa a presença de um portador. Nos portadores
com vias biliares normais, a taxa de cura é de cerca de 60% se
respeitadas medidas de higiene rigorosas e feito tratamento com amoxicilina
(2 g PO, 8/8 h, 4 semanas) ou ampicilina (1,5 g/d PO ou IV, 6 semanas)
com probenecid (0,5 g/d PO) ou cotrimoxazol (160/800 mg PO, 12/12 h, 6
semanas). Todavia, os antibióticos (nomeadamente a ampicilina)
podem não eliminar o estado de portador e levar a resistências
ou a infecções mais graves. Se se verificar a presença
de cálculos vesiculares ou colecistite impõe-se a colecistectomia.
Nas recidivas (5-10% nos doentes não tratados, 20% nos doentes
tratados) o tratamento é idêntico, mas geralmente mais longo.
Enquanto febris, os doentes devem permanecer alectuados. As refeições
devem ser frequentes, sendo a diarreia minimizada com dieta líquida.
Salicilados (que podem causar hipotermia, hipotensão e hemorragia),
laxantes e enemas devem ser evitados. O internamento poderá ser
considerado em doentes com (1) diarreia aguda com agravamento rápido
dos sintomas, (2) doença sistémica, dor ou distensão
abdominais, (3) sinais de desidratação necessitando de infusão
endovenosa, (4) diagnóstico duvidoso ou resistência à
medicação e (5) circunstâncias familiares ou sociais
que impeçam o tratamento em ambulatório.
A gastroenterite não complicada é tratada sintomaticamente,
uma vez que os sintomas regridem quando os microorganismos são
eliminados do aparelho digestivo e os antibióticos podem prolongar
o período de excreção da bactéria. Deve prevenir-se
a desidratação e o desequilíbrio hidroelectrolítico,
particularmente nas crianças e idosos. A crianças com menos
de 2 meses de idade, idosos, debilitados, doentes com doença das
células falciformes, indivíduos infectados com o VIH ou
doentes com febre contínua ou alta ou com manifestações
de infecção extra-intestinal deve ser administrado antibiótico,
dado o maior risco de mortalidade. A resistência antibiótica
é mais comum nas S. não-typhi. Ampicilina ou amoxicilina
(50-100 mg/kg PO, 8/8 h) ou ciprofloxacina (500 mg PO, 12/12 h) nos adultos
são regimes aceitáveis; os doentes não imunocomprometidos
serão tratados 3 a 5 dias, enquanto os restantes poderão
requerer tratamento mais prolongado para evitar recaída.
O tratamento das infecções focais é semelhante ao
da febre tifóide. Os abcessos deverão ser drenados cirurgicamente
e deverá ser feito tratamento antibiótico durante as 4 semanas
seguintes. Válvulas cardíacas e aneurismas infectados requerem
cirurgia e curso antibiótico prolongado.
As principais medidas preventivas são as medidas de higiene, a
melhoria do saneamento básico e o controlo das fontes hídricas.
O controlo bacteriológico das carnes a abater, a estrita observação
da cadeia de frio, o controlo dos alimentos importados e dos produtos
lácteos, a conservação em frio de alimentos preparados
são medidas profilácticas indispensáveis.
Nunca devem ser consumidos ovos estalados ou crus e carne crua; esta,
por apresentar maior probabilidade de contaminação, não
deve estar guardada perto de alimentos cozinhados; deve evitar-se a contaminação
destes através de superfícies ou utensílios; o tempo
e a temperatura de cozedura (80º C) devem ser os adequados e precedidos
de uma descongelação feita correctamente.
A lavagem das mãos deve ser escrupulosa após utilização
dos sanitários e antes de iniciar a manipulação de
alimentos, já que as Salmonellas podem permanecer vivas na pele
durante várias horas.
Nas crianças incontinentes e/ou que usem fraldas devem utilizar-se
precauções de contacto durante toda a enfermidade.
A amamentação ao seio deve ser estimulada; toda a água
(que não seja clorada) e leite (que não seja pasteurizado)
devem ser fervidos quando utilizados para alimentação.
Os brinquedos devem ser lavados e desinfectados frequentemente.
As áreas de higiene de crianças e adultos devem ser afastadas
das de preparação de alimentos e lavadas e desinfectadas
com frequência.
O controlo dos insectos e roedores deve ser feito mediante o uso de telas
metálicas, rociamento com insecticidas, iscas insecticidas e armadilhas,
bem como pelo controlo dos focos de proliferação, através
da colecta e eliminação adequadas do lixo.
Uma vez que também os répteis são portadores assintomáticos
de Salmonellas, não deverão estar em contacto com crianças
menores de 5 anos; estudos recentes vieram demonstrar que os lactentes
são passíveis de ter doença mais invasiva que indivíduos
com mais de 1 ano de idade.
Há 3 tipos de vacina (1) serótipo typhi, vivo, em 4 doses
orais tomadas com o estômago vazio, em dias alternados, sendo o
reforço aplicado 5 anos depois, se necessário - não
está aprovada para crianças menores de 6 anos (2) dose parental
contendo o Ag Vi - tem menos efeitos laterais, não está
indicada para menores de 2 anos e o reforço é aplicado cada
2 anos, se necessário (3) vacina clássica inactivada com
calor-fenol que não está indicada para menores de 6 meses
e é actualmente a menos usada. A vacinação protege
apenas contra pequenos inóculos infectantes de S. typhi e de algum
modo também de paratyphi B. Os índices de eficácia
das 3 vacinas oscilam entre 17 e 66%. A vacinação está
recomendada para quem viaje para regiões endémicas (Ásia,
África e Américas do Sul e Central), especialmente se o
seu itinerário inclui zonas rurais ou uma estadia de 3 ou mais
semanas. A mala de viagem deve incluir ciprofloxacina e a máxima
«cozinho, fervo e descasco».
São doenças de declaração obrigatória
(A01 - febres tifóide e paratifóide - e A02 - outras salmoneloses).
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Erros
e limitações
Entender a reacção de Widal como um bom suporte diagnóstico:
- habitualmente não se pede antes da 2ª semana;
- tem maior interesse o AntiAg O (que só sobe a partir do 8º
dia);
- o AntiAg H sobe muito mais lentamente e é passível de
falsas reacções positivas cruzadas (outras Enterobacteriáceas,
brucelose, triquinose, doenças do colagénio, portador crónico);
- se for negativa não quer dizer que haja ausência de febre
tifóide, particularmente se a sua determinação foi
precoce.
Tratar com antibiótico uma gastroenterite não complicada.
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