1
Introdução
O cancro da pele é a doença maligna mais comum. Afecta uma em cada cinco
pessoas numa altura qualquer da sua vida.
Em 1996, nos EUA, dos novos casos diagnosticados (1.000 000) mais de 600
000 correspondiam a carcinoma baso-celular e 200 000 a carcinoma
espino-celular. Nesse mesmo ano ocorreram 2 100 mortes derivadas a
carcinoma espino-celular.
2
Factores de risco
O factor etiológico mais importante é a exposição à radiação UV. Os
mecanismos responsáveis são a imunossupressão e as alterações de ADN
que levam à expansão clonal de queratinócitos malignos. Parecem existir
determinantes genéticos (incapacidade de reparação de ADN agredido por
radiação UV; incapacidade de suspensão do ciclo celular de células
potencialmente malignas; defeito numa proteína supressora de tumor; um
oncogéne imperfeito). O quadro I indica os outros factores de risco.
3
Clínica e diagnóstico
Carcinoma
baso-celular - Compreende 60% dos cancros primários da pele. É uma
lesão de crescimento lento, invadindo tecidos por contiguidade e
raramente metastizando. Estas acontecem nos tumores de grandes dimensões
ou em tumores que recorreram após excisão cirúrgica. Pode ocorrer em
qualquer localização, sendo mais frequente nas zonas fotoexpostas. Um
estudo refere que 72,7% dos carcinomas baso-celulares foram detectados com
o doente completamente vestido; para os restantes 27,3% foi necessário um
exame objectivo completo da pele. Um segundo carcinoma baso-celular é
mais provável no primeiro ano após tratamento da lesão inicial. São
reconhecidos alguns tipos clínicos no carcinoma baso-celular: nodular,
superficial, esclerodermiforme, pigmentado e quístico.
4
O carcinoma nodular é o tipo mais comum. É mais frequente na
face, mas pode ocorrer noutra localização. É uma pápula ou nódulo de
5 a 10 mm, translúcida, de bordo nacarado e com telangiectasias à superfície.
À medida que a lesão aumenta de volume a área central torna-se atrófica
deixando uma depressão coberta por pele fina a qual eventualmente ulcera;
os bordos tornam-se irregulares e a forma assimétrica.
5
O carcinoma baso-celular superficial apresenta-se usualmente como
placa assintomática eritematosa, com bordo levemente elevado e filiforme.
Confunde-se facilmente com eczema, psoríase ou outras dermatoses
descamativas. As lesões aparecem a maior parte das vezes em áreas
cobertas do corpo, como abdómen, região dorsal e extremidades. Estes
tumores são multicêntricos e crescem muitas vezes por extensão radial.
No entanto tendem a ser pouco agressivos e, após terapêutica apropriada,
têm baixas taxas de recorrência. A média de idades dos doentes com
carcinoma superficial tende a ser mais baixo do que nos outros tipos.
6
O carcinoma esclerodermiforme é a variante mais agressiva. Aparece
como uma placa atrófica cor de marfim, lisa, assemelhando-se a área cutânea
de esclerodermia.
7
O carcinoma pigmentado é semelhante às variantes nodular e
superficial mas tem pigmentação (acastanhada, angiomatosa ou mesmo
negra). Torna-se irregular à medida que cresce. Pode-se confundir com um
melanoma.
8
O carcinoma baso-celular quístico é uma lesão parecendo um
vulgar quisto, mas com tonalidade telangiectásica bem marcada.
Abaixo dos 35 anos, o carcinoma baso-celular tende a adoptar formas mais
agressivas.
Não há condições pré-malignas que precedam este carcinoma.
A variável que mais pesa na mortalidade e na morbilidade por este tumor
é a dimensão do tumor primário, sendo a negligência do doente o factor
mais importante na dimensão do tumor. O diagnóstico diferencial ter-se-á
de fazer com algumas entidades nosológicas, nomeadamente, o
tricoepitelioma, o quelóide, o molluscum contagiosum e o dermatofibroma.
A confirmação diagnóstica faz-se por biopsia.
21
Quadro I
Factores
de risco para o cancro da pele
|
Exposição
à radiação UV (crónica; precocemente na vida) |
Exposição
a radiação ionizante |
Pele
clara, olhos azuis e cabelo louro |
História
pessoal de cancro da pele |
História
familiar de cancro da pele |
Sistema
imune alterado |
Exposições
ambientais particulares (hidrocarbonetos e pesticidas) |
Queimaduras
solares, especialmente na infância, e de 2º grau |
Fumo
de cachimbo (carcinoma espino-celular) |
Papiloma
vírus humano, tipos 16, 18 e 3 (carcinoma espino-celular) |
Telangiectasias
nas orelhas |
Lesões
secundárias a terapêuticas com PUVA |
Queratose
actínica (carcinoma espino-celular) |
Sardas |
Traumatismo |
Genodermatoses
(xeroderma pigmentosum, albinismo e o sindroma do nevos de células
basais para o carcinoma baso-celular; nevos gigante congénito,
nevos displásico e o Sindroma de nevos displásico para o melanoma) |
9
Carcinoma espino-celular - Compreende 20% de todos os casos de cancro
da pele. A incidência aumenta com a idade e é mais comum entre os 40 e
os 60 anos. Tem um crescimento mais rápido do que o carcinoma
baso-celular. Pode atingir as mucosas (lábio, pénis, vulva). 2/3 destes
tumores ocorrem em superfícies fotoexpostas. Aqueles que se desenvolvem
na pele agredida pelo sol comportam-se, biologicamente, de forma menos
agressiva do que os que ocorrem noutras superfícies, em locais de
queimaduras e aqueles que são mais profundamente invasivos.
Do grau de diferenciação do tumor também depende o risco de metastização
(Quadro II).
22
Quadro II
Grau
de diferenciação histológica do carcinoma espino-celular
(Sistema de Broder) |
Grau
I. A mais alta diferenciação celular e o mais baixo potencial
metastático. |
Grau
II. As células diferenciadas estão entre 50% a 75%. |
Grau
III e IV. As células têm menos diferenciação com formação de células
fisiformes. |
Clinicamente
a lesão inicial é pequena, eritematosa, nodular ou queratósica. A
superfície da lesão é escamosa e desigual. Podem ser visíveis vasos
superficiais dilatados. A lesão pode aparecer muito seca e pode sangrar
com pequenos traumatismos. Pode-se tornar ulcerada, verrugosa ou exofítica
à medida que aumenta. As lesões satélites aparecem muito próximo das
antigas.
O carcinoma espino-celular ocorre sob várias formas:
1. A doença de Bowen é o carcinoma espino-celular «in situ»:
2. A eritroplasia de Queyrat é o CEC do pénis;
3. O queratoacantoma é actualmente considerado um carcinoma
espino-celular bem diferenciado e tem um bom prognóstico. Aparece como
uma lesão rosa que toma a forma de uma cúpula durante um período de rápido
crescimento. Mais tarde zonas de queratina fazem protrusão dando ideia de
lava de um vulcão.
4. Carcinoma verrugoso de crescimento exofítico de área maior do que 1
cm, de consistência dura ou elástica, mal limitado. É observado em úlceras
de perna, cicatrizes de queimaduras. Neste grupo está o carcinoma gigante
de Busche-Lowenstein (pénis) e o carcinoma cunilatum, frequente nos espaços
interdigitais dos pés.
Há uma
variedade de lesões da pele que são consideradas precursoras do
carcinoma espino-celular. A queratose actínica é uma displasia cutânea
da epiderme, podendo ocorrer cinco tipos diferentes. Mas, contrariamente
às lesões malignas da pele, a membrana basal permanece intacta à medida
que a epiderme prolifera para o interior. Macroscopicamente aparece como
uma lesão queratósica aderente, muitas vezes com uma base hiperémica,
podendo haver múltiplas lesões num mesmo doente. A queilite actínica e
a conjuntivite actínica são dois tipos desta entidade. Pensa-se que 1%
dos doentes com queratose actínica não tratada desenvolverão carcinoma
espino-celular, o qual usualmente é de crescimento lento com fraca tendência
à metastização. A epidermodisplasia verruciformis, doença autossómica
recessiva, e a leucoplasia da boca ou da zona genital também são situações
pré-malignas. O diagnóstico diferencial far-se-á com: eczema, dermatite
atópica, dermatite de contacto, psoríase e dermatite seborreica. A
confirmação diagnóstica é feita por biopsia.
10
Melanoma - Apesar de ser o cancro menos comum da pele tem um peso
de 70% na mortalidade provocada pelos cancros da pele. Em certas regiões
(Canadá) a incidência do melanoma só é ultrapassada pela do carcinoma
do pulmão. A incidência anual na Austrália varia entre 24-56/100000
dependendo do sexo, aumentando à medida que a idade avança. Na Austrália
corresponde à nona causa de morte e nos EUA à oitava. Neste país em
1996 houve entre 38300 e 80000 novos casos de melanoma e 7300 mortes
atribuíveis a esse cancro. Mais de 50% de casos de melanoma ocorrem em
pessoas dos 20 aos 40 anos de idade, os quais tiveram menos exposição
solar total do que indivíduos mais velhos. No sexo feminino é mais
frequente nos membros inferiores e no masculino na região dorsal. O risco
de melanoma é mais elevado nos familiares em 1º grau de doentes com
melanoma. O risco de melanoma aumenta em doentes com carcinoma
baso-celular ou espino-celular. Metastiza precocemente e as metástases,
caracteristicamente, não respondem à terapêutica. Entre as lesões
precursoras estão alguns tipos de nevos melanocíticos, nomeadamente o
nevos displásico, o nevos congénito e o nevos azul, e ainda o lentigo
maligno.
11
Os nevos melanocíticos são extremamente comuns. Entre os vários
tipos histológicos o juncional e o composto apresentam o maior risco de
malignidade. Esses melanócitos não evidenciam actividade mitótica ou
pleomórfica, apresentando características de células benignas.
Ocasionalmente desenvolvem atipia citológica e da arquitectura.
Clinicamente esses nevos têm mais de 1 cm de diâmetro, irregularidade
dos bordos e são pigmentados.
12
Os nevos displásicos estão presentes em 5% da população geral,
em 30% a 50% dos indivíduos com melanoma primário esporádico não
familiar, e em quase todos os indivíduos com melanoma cutâneo familiar.
São lesões irregulares, 5 a 12 mm de diâmetro, com bordos irregulares,
com componentes maculares e papulares de coloração variável. Ocorrem
mais comummente no tronco, mãos, braços, pernas, couro cabeludo e regiões
glúteas.
13
O sindroma do nevos displásico deve ser suspeitado em doentes com
grandes nevos, um número elevado de nevos ou em localização invulgar.
Os doentes com um grande nevos congénito têm uma probabilidade
entre 5% a 20% de desenvolver um melanoma.
27
O nevos azul é uma lesão totalmente intradérmica, na qual melanócitos
francamente pigmentados constituem nódulos separados por zonas de colagénio.
São locais de transformação maligna. As características suspeitas são:
localização no couro cabeludo em homens no grupo etário dos 40 anos,
crescimento súbito, sangramento a pequenos traumatismos e a ocorrência
de lesões satélites negras circundantes.
14
O lentigo maligno (sarda melanocítica de Hutchinson) é uma mácula
acastanhada com alguma variação da cor, crescendo lentamente e
desigualmente nos bordos. É frequente na face de pessoas idosas de pele
clara, com exposição solar intensa, na face, pescoço e região dorsal
das mãos.
Pensa-se que o melanoma resulta da transformação maligna de melanócitos
normalmente encontrados ao longo da membrana basal da epiderme. A lesão
inicial desenvolve-se a partir de uma mácula pequena, irregular com
expansão inicial horizontal, com penetração da derme subjacente. A fase
de crescimento vertical começa após um período variável e é
determinada clinicamente pelo desenvolvimento de uma pápula ou nódulo.
Consideram-se
4 tipos clínicos de melanoma.
O lentigo maligno melanoma ocorre em 10% a 15% dos casos. É o tipo
menos agressivo. Apresenta-se como um nódulo em lesão macular pré-existente
de lentigo.
O melanoma acral observa-se principalmente nas palmas das mãos,
solas dos pés, sob o leito ungueal e nas superfícies mucosas. É
invulgar, correspondendo a 5% dos melanomas. É raro nos indivíduos de
tez mais escura. Podem ser acrómicos o que levanta problemas de diagnóstico
diferencial. Histologicamente é semelhante ao melanoma maligno
superficial.
O melanoma maligno superficial é o subtipo mais comum
correspondendo a 70% de todos os casos de melanoma. Ocorre principalmente
nos membros inferiores nas mulheres e na região dorsal nos homens. As lesões
iniciais são lesões castanhas escuras ou negras. Na fase inicial têm um
lento crescimento irregular dos bordos. O início da fase vertical é
sinalizado pelo aparecimento de áreas mais escuras, áreas vermelhas e
brancas e a formação de nódulo.
O melanoma nodular é mais comum em negros e asiáticos. Ocorre
mais frequentemente nas palmas das mãos, regiões plantares, leitos
ungueais e membranas mucosas. Este tumor aparece como uma cúpula escura
brilhante. Cresce verticalmente desde o início havendo muito pouca ou
nenhuma extensão lateral.
A «American
Cancer Society» criou a regra A, B, C, D para detecção precoce do
melanoma (Quadro III).
No entanto
o raciocínio clínico é sempre necessário já que a história natural
envolve sempre uma mudança lenta ao longo de décadas.
O diagnóstico diferencial efectua-se com nevos melanocíticos intradérmicos,
compostos e juncionais, nevos azuis, queratoses seborreicas, carcinoma de
células basais e lesões vasculares tais como hemangiomas e o sarcoma de
Kaposi.
23
Quadro III
Características
clínicas dos nevos malignos |
Assimetria |
Mudança
na forma
Uma metade diferente da outra |
Irregularidade
dos Bordos |
Bordos
indistintos
Extensões semelhantes a pseudópodes
Bordos chanfrados |
Variação
da Cor |
Distribuição
ponteada de cores, com sombreado de castanho, negro, rosa, branco e
azul-acinzentado.
Apagamento gradual da cor desde a margem
Vermelhidão, edema ou pigmentação envolvente.
Lesões negras. |
Diâmetro |
Suspeição
aquando de lesões maiores de 5mm.
Aumento súbito de dimensões. |
Outras |
Textura
(mudança, ulceração, formação de crostas, hemorragia)
Alterações sensoriais (prurido, dor, queimadura)
Elevação |
Para
confirmação diagnostica é utilizada a biopsia excisional. A biopsia
incisional só está indicada se a lesão for suficientemente extensa e
torne impossível a excisão completa por provocar desfiguração
substancial.
O estadiamento do melanoma faz-se utilizando a sistema TNM. O T é
determinado pela espessura do tumor (Quadro IV).
24
Quadro IV
Classificação
de Breslow e risco relativo aos 5 anos |
Estadio |
Espessura
do tumor (em mm) |
Nódulos
linfáticos/Metástases |
Risco
de Recorrência local (%) |
Risco
de Metástases à distância (%) |
I |
<0,76
mm em profundidade |
- |
0,2 |
2 |
II |
0,76-1,5
mm em profundidade |
- |
2 |
8 |
III |
1,5
- 4 mm em profundidade |
Nódulos
linfáticos regionais envolvidos |
6 |
15 |
IV |
>4
mm em profundidade |
Metástases |
13 |
72 |
É
medido histologicamente com um micrómetro ocular desde a superfície até
à penetração mais profunda. Esta classificação é considerada mais
criteriosa e correlaciona-se melhor com o prognóstico do que o nível de
invasão anatómico (Quadro V).
25
Quadro V
Classificação
de Clark |
Nível |
Descrição |
I |
Intra-epitelial |
II |
Na
derme papilar |
III |
Na
junção papilar/reticular |
IV |
Na
derme reticular |
V |
Penetração
na gordura subcutânea |
O exame clínico
é essencial para a detecção de adenomegalias que drenem a região
envolvida. O exame laboratorial deve avaliar: contagem globular completa
(leucocitose, leucopenia, anemia, trombocitose ou trombocitopenia) provas
de função hepática (particularmente LDH elevado) e radiografia do tórax.
A TAC e cintigrafia só são utilizadas se houver sintomatologia específica
do órgão. Após o diagnóstico o tratamento do doente deverá ser
seguido cada 3 meses durante 2 anos, cada 4 meses no 3º ano, cada 6 meses
nos 4º e 5º anos, e anualmente posteriormente.
Relativamente ao prognóstico podemos dizer que têm pior prognóstico os
tumores do couro cabeludo, mãos e pés, os dos idosos e os localizados
nas membranas mucosas, estes últimos provavelmente pela identificação
tardia.
Os factores histológicos que influenciam o prognóstico negativamente são:
alta actividade mitótica, lesões satélites microscópicas e ulceração.
19
Terapêutica
Carcinoma
baso-celular e espino-celular - Para além da ablação total do tumor,
deve-se manter a função e atingir um resultado cosmético óptimo. Os
factores de influenciam a escolha do tratamento são:
1. Tipo clínico do carcinoma;
2. Tipo histológico do carcinoma;
3. Dimensões;
4. Localização;
5. Ser um tumor primário ou uma recorrência;
6. A eficácia e a experiência com os tratamentos.
Opções
terapêuticas:
Curetagem com electrocirurgia: para tumores de baixo risco; não é
aconselhável no carcinoma espino-celular (devido à penetração deste na
derme mais profunda).
Radioterapia: é uma opção excelente para idosos e doentes comprometidos
medicamente.
Criocirurgia: boa opção para a queratose actínica. É utilizada em áreas
de maior dificuldade cirúrgica tais como o sulco naso-geniano, canto
interno do olho ou em recidivas de terapêutica cirúrgica.
Excisão cirúrgica: é o tipo preferido no carcinoma espino-celular. É a
técnica mais correntemente utilizada.
Fluoruracilo tópico: é uma boa opção na queratose actínica e no
carcinoma superficial de células basais.
Cirurgia micrográfica de Mohs: apresenta as melhores taxas de cura com
menores taxas de recorrência. Impede a remoção de tecido não afectado.
É a terapêutica preferida no carcinoma espino-celular e carcinoma basal
recorrentes e em locais nos quais a cirurgia clássica pode ser mutilante
(carcinoma espino-celular do pénis, grandes tumores - mais de 2 cm de diâmetro
e localizado na face).
Interferon: método pouco utilizado tanto pelos custos como pelos efeitos
secundários.
Melanoma -
Pratica-se a excisão cirúrgica com uma margem de segurança não
inferior a 1 cm, em tumores até 1 mm de espessura, e uma margem de 2 a 3
cm em tumores de espessura intermediária.
É feita dissecção profilática de nódulos linfáticos em doentes com
lesões entre 0,76 mm e 4 mm de espessura já que têm 60% de
probabilidades de ocultar metástases regionais.
O melanoma maior do que 4 mm está associado com 70% de probabilidades de
apresentar metástases à distância, não beneficiando da dissecção
profilática.
O melanoma metastizado é considerado incurável.
A cirurgia pode ser considerada numa metástase isolada do órgão, mas não
deverão existir outras metástases. A resseção cirúrgica deve oferecer
uma certeza razoável de resseção completa. A quimioterapia de combinação
não mostrou ter mais vantagem de um só agente quimioterapêutico.
O a-interferom tem uma resposta duvidosa.
20
Prevenção
Todos os doentes devem ser encorajados a levar a cabo auto-exame regular
da pele e registar qualquer lesão suspeita. No entanto as recomendações
do auto exame são controversas para alguns grupos (p. ex. U S P S T F).
Durante os exames periódicos, e mesmo oportunistamente, deve ser feito
exame clínico completo da pele. Tais exames serão obrigatórios para os
doentes que apresentem factores de risco para o cancro da pele.
A «American Academy of Family Physicians» recomenda o exame completo da
pele em adolescentes e adultos com factores de risco para o cancro da
pele. A «American Academy of Dermatology» e o «National Institute of
Health Consensus Panel on Early Melanoma» recomendam exames regulares de
rastreio para o cancro da pele, mesmo em indivíduos sem factores de
risco.
A «American Cancer Society» inclui o exame da pele no rastreio do
cancro, o qual deverá ser realizado cada 3 anos entre os 21 e os 40 anos,
e anualmente posteriormente.
A diminuição da morbimortalidade pelo cancro da pele reside na sua detecção
precoce (prevenção secundária) através do exame regular do
revestimento mucocutâneo. A par da prevenção secundária deve ser feita
uma prevenção primária na base do aconselhamento sobre a exposição
solar:
1. Aconselhar os pais a limitar a exposição solar dos filhos tanto
quanto possível nos primeiros anos de vida, e particularmente entre as 10
h e as 14 h;
2. Utilizar óculos de sol e roupas protectoras (chapéus, camisa de
mangas compridas e calças de textura compacta);
3. Utilizar diariamente, mesmo com o tempo encoberto, cremes com protecção
dos raios UVA e UVB, com factor de protecção solar pelo menos de 15.
4. Ser-se particularmente cuidadoso aquando da estada na neve, água,
areia ou alta altitude;
5. Não fazer uso de aparelhos de bronzeamento (lâmpadas, cabinas).
26
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