Estudo randomizado: redução do reinternamento hospitalar




Pergunta clínica: É possível reduzir o reinternamento hospitalar, de doentes de alto risco e baixo nível socioeconómico, através do acompanhamento e orientação por profissionais de saúde inseridos no hospital e comunidade?

Desenho do estudo: Ensaio clínico controlado randomizado (sem ocultação). Estudo teve lugar num sistema hospitalar em Massachusetts (EUA), e avaliou mais de 1500 doentes hospitalizados com pelo menos 1 de 5 fatores de risco para readmissão: idade ≥ 60 anos; internamento nos últimos 6 meses; internamento  ≥3 dias; internamento por insuficiência cardíaca, ou doença pulmonar obstrutiva crónica. Aos doentes do grupo de intervenção (n=585) foi atribuído um profissional de saúde dedicado ao acompanhamento e orientação do doente, enquanto que os doentes do grupo de controlo (n=925) receberam os cuidados habituais. Foram avaliados os resultados para toda a coorte e estratificada pela idade do doente: >60 anos (425 intervenção/584 controlo) e ≤60 anos(160 intervenção/341 controlo). A principal responsabilidade do profissional de saúde do grupo de intervenção foi ajudar o doente a “navegar” através do sistema de cuidados de saúde, incluindo a avaliação das necessidades pós-alta, ajudando na comunicação com os prestadores hospitalares e médicos dos CSP, confirmar a marcação de consultas de seguimento, analisar os obstáculos na gestão da medicação e assistirem na resolução de aspectos como o transporte e seguro. Estes serviços foram prestados através de uma visita hospitalar e de pelo menos 3 telefonemas semanais pós-alta. O objectivo primário foi avaliar a taxa de reinternamento 30 dias após a alta hospitalar.

Resultados: A taxa de readmissão em 30 dias não diferiu significativamente entre os dois grupos. No entanto, em análise ajustada dos 2 subgrupos de idade, as readmissões diminuíram 4,1% [IC 95%: 8,0-0,2] em doentes mais velhos do grupo de intervenção e aumentaram 11,8% [IC 95%: 4,4-19,0] em doentes mais jovens do grupo de intervenção (ambas diferenças estatisticamente significativas).

Comentário: O recurso a um profissional de saúde dedicado a orientar doentes idosos de alto risco teve um impacto positivo na coordenação do atendimento, acompanhamento, comunicação e adesão à medicação e diminuiu a taxa de reinternamento. No entanto, nos doentes mais jovens esta intervenção aumentou o reinternamento, sugerindo que esta população carece de uma abordagem diferente. 

Artigo original: J Gen Intern Med

 Por Sheila Maugi, USF Amonda  






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