A litíase vesicular assintomática raramente obriga a colecistectomia e até pode resolver espontaneamente

Por Pedro Azevedo, IFE MGF – USF Fânzeres

Estudo prospectivo controlado com 24 anos de duração com pacientes com litíase vesicular não mostrou riscos a longo prazo de eventos e sintomas adversos que levem a colcistectomia.

Foi desenvolvido um estudo prospectivo de doentes observados em 1983 dos quais, na altura, 20,1% (285 de 1417) apresentavam litíase vesicular assintomática.  Em 2006, os investigadores voltaram a avaliar 134  dos 285 indivíduos com litíase assintomática (89 através de exame clínico e 45 através de contacto telefónico).  O estudo ultrassonográfico revelou a presença de litíase vesicular em 28,1% (25/89) dos que apresentavam litíase assintomática inicialmente e 6,7% (9/134) tinham sofrido colcistectomia. Dos doentes não seguidos devido a morte, 5,5% (5/91) tinham realizado colcistectomia, perfazendo, com os anteriores, 6,2% de colcistectomizados.  Não houve relação entre o tamanho da litíase em 1983 e a ultrassonografia sem 2007.  Concluiu-se então que, sem explicação, apenas uma minoria dos pacientes tinha litíase vesicular em 2007. A taxa de colecistectomia era baixa num cenário conservador e não tinham sido encontrados eventos adversos para tal atitude.

As conclusões retiradas deste artigo parecem ser a favor de uma atitude conservadora num cenário de litíase vesicular assintomática, dado que na maioria dos casos se trata de uma situação auto-limitada.  No entanto, muitos doentes não conseguiram ser seguidos para todos os parâmetros estudados (não contactáveis, falecidos, etc) o que poderá significar um viés de abandono. No entanto, este estudo é mais uma indicação para um reforçar da medicina conservadora em detrimento da maleficência do encarniçamento terapêutico. Vale a pena pensar nisto.

Artigo original:  http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21501110

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