Pergunta clínica: Nas mulheres que pretendem engravidar a suplementação diária de ácido fólico é eficaz para prevenir defeitos do tubo neural?

Desenho do estudo: A United States Preventive Services Task Force (USPSTF) emitiu uma orientação clínica na qual expõe recomendações baseadas numa revisão sistemática. A análise abrangeu estudos observacionais, incluindo três estudos de coorte e um estudo de caso-controlo, que investigaram a associação entre a suplementação de ácido fólico e a incidência de defeitos do tubo neural. Além disso, foram examinados estudos que exploram a possível associação entre a suplementação de ácido fólico e o transtorno de especto autista, incluindo seis estudos de coorte e um estudo caso-controlo.

Resultados: Os resultados do estudo revelaram evidências substanciais sobre os benefícios da suplementação de ácido fólico na prevenção de defeitos do tubo neural. A revisão dos três estudos de coorte e um estudo caso-controle, totalizando 990.372 participantes sugere que a suplementação de ácido fólico, especialmente durante o período periconcepcional, está associada a uma redução significativa do risco de defeitos do tubo neural. Além disso, a análise de seis estudos de coorte e um estudo caso-controle, envolvendo 761.125 indivíduos, não encontrou evidências significativas de associação entre a suplementação de ácido fólico e o aumento do risco de transtorno do espectro autista (TEA).

Comentário: Esta recomendação da USPSTF é uma reafirmação da recomendação de 2017 com a incorporação de evidência científica mais recente. Portanto, a suplementação de ácido fólico, iniciada pelo menos 1 mês antes da conceção e continuada nos primeiros 2 a 3 meses de gravidez, apresenta benefícios substanciais na prevenção de defeitos do tubo neural, sem evidências significativas de danos associados (Recomendação A). Assim, é crucial sensibilizar a nossa população para nos procurarem no período pré-concecional, viabilizando o cumprimento desta recomendação e a prevenção de defeitos no tubo neural.

Artigo original: JAMA

Por Daniela Macedo Gomes, USF Serra da Lousã