A midodrina reduz a recorrência da síncope vasovagal

 

 

Pergunta clínica: Em pacientes com síncope vasovagal recorrente, sem comorbilidades de relevo, a midodrina é um tratamento eficaz na prevenção da recorrência de episódios de síncope vasovagal?

População: pacientes com síncope vasovagal recorrente, sem comorbilidades de relevo
Intervenção: midodrina (titulação até 10 mg, três vezes ao dia)
Comparação: placebo
Outcome: proporção de doentes com pelo menos um episódio de síncope

Desenho do estudo: Ensaio clínico aleatorizado com dupla ocultação, controlado por placebo, multicêntrico. Foram incluídos adultos, com 2 ou mais episódios de síncope no ano precedente, sem outra causa conhecida para a síncope, incluindo hipotensão ortostática. Neste estudo, com a duração de 12 meses, foi feito o seguimento de dois grupos: o grupo de intervenção sob midodrina vs o grupo de controlo sob placebo. O tratamento com midodrina iniciou-se com 5 mg, três vezes ao dia (em horário diurno), com titulação de dose para 10 mg, três vezes ao dia, se tolerado. O marcador (outcome) primário foi a proporção de pacientes com pelo menos uma recorrência de síncope.

Resultados: Foram incluídos 133 pacientes (idade mediana de 32 anos, 73% do sexo feminino) com uma mediana de 6 episódios de síncope no ano anterior ao estudo: 66 pacientes no grupo sob midodrina e 67 no grupo placebo. Ao longo do seguimento, 58% dos pacientes do grupo midodrina e 39% dos pacientes do grupo placebo ficaram livres de episódios de síncope. A redução absoluta de risco foi de 19% [IC 95%, 2 a 36%], e o number needed to treat (NNT) foi 5. O intervalo de tempo até ao primeiro episódio de síncope foi superior no grupo de intervenção (p= 0.035). Os efeitos adversos foram semelhantes nos dois grupos.

Comentário: A síncope vasovagal é uma condição com um impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes. Este estudo demonstra que a midodrina pode ser útil na prevenção de episódios de síncope em pacientes com antecedentes de episódios recorrentes de síncope vasovagal, embora nos pacientes que tiveram pelo menos um episódio de síncope, o número de episódios tenha sido semelhante em ambos os grupos. Assim, este simpaticomimético, habitualmente usado na hipotensão ortostática, parece ser uma opção terapêutica a considerar nestes doentes. Como limitações do estudo, de destacar o pequeno tamanho amostral, a inclusão maioritária de pacientes jovens e saudáveis e um relativamente curto tempo de seguimento.

Artigo original: Ann Intern Med

Por Micaela Gregório, USF Novo Cuidar

 

Prescrição Racional
Menu