A azitromicina aumenta a mortalidade?

Por Ricardo Rocha, UCSP Moimenta da Beira

Pergunta clínica: a azitromicina aumenta a mortalidade de causa CV?

Desenho do estudo: Estudo cohort, que através da base de dados nacional dinamarquesa, incluiu, entre outras informações, as prescrições e causas de morte, entre 1997 e 2010, de adultos dinamarqueses (18-64 anos). Os investigadores compararam 1,1 milhões de episódios em que foi prescrita azitromicina com 1,1 milhões de episódios sem antibioterapia ou 7,4 milhões de episódios com administração de penicilina V.

Resultados: O risco de morte cardiovascular (CV)  foi cerca de três vezes maior com o uso de azitromicina do que sem o uso de antibióticos. No entanto, não existiu diferença estatisticamente significativa nas taxas de mortalidade de causa  CV entre os doentes medicados com azitromicina e penicilina. Isso indica, escrevem os autores, que “o aumento do risco (…) observado na comparação com a não utilização de antibiótico foi inteiramente atribuível ao risco de morte associado à infecção aguda” ou a outro fator de risco em doentes que receberam os antibióticos.

Conclusão: Estudos prévios indicaram uma ligação entre a azitromicina e mortalidade cardiovascular numa população de maior risco. Este artigo demonstra que este efeito não está presente na população em geral

Comentário: Tal como é salientado no artigo de opinião do NEJM existe um risco potencial para o aumento do intervalo QT com o uso de macrólidos, o que pode provocar arritmias, que por sua vez podem contribuir para o aumento da mortalidade. Sendo assim, recomenda-se precaução no uso destes antibióticos em doentes com patologia cardiovascular já existente.


                                                                                                                            Artigo original

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