Conceição Outeirinho

Leitura: “A criança que não queria falar” de Torey Hayden, Editorial Presença, 3.ª edição, 2007

Dos livros lidos nos últimos anos foi este o que mais me tocou.

É uma história verdadeira experienciada por uma professorado Ensino Básico e uma das suas alunas que apresentava comportamentosanómalos e anti-sociais, resultantes de um abandono materno, de umavivencia de maus tratos e abusos.

É quase um relato de caso. Ao lê-lo transpus muitos dos diasvividos por esta professora na educação da sua aluna, para situaçõesque nos surgem na nossa prática clínica como Médicos de Família,principalmente na abordagem dos “doentes/casos difíceis”.

Aprendi e reaprendi o saber estar – atenta, receptiva aospormenores e aos pequenos sinais que podem levar ao estabelecimento deuma relação empática ou melhor ainda de uma relação de confiança e àidentificação das causas e manifestações de processos mórbidos ocultos,respeitando e dando tempo ao paciente para que consiga ganhar confiançapara falar das suas experiencias de vida e seus sofrimentos.

Aprendi e reaprendi o saber fazer e quando. Revi osconflitos e angústias que sentimos e os apoios que necessitamos, aosermos “cuidadores” nestes casos. Com esta professora percepcioneimelhor ainda, o verdadeiro sentido do papel de “ provedor do doente”.

Vale a pena lê-lo, não só pela história comovente mas também, pela “componente técnica” intrínseca.

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