Crianças: bebidas açucaradas vs obesidade

Por Mariana Rio, USF São João do Porto

A Obesidade é um dos maiores desafios globais do século XXI. O consumo de bebidas açucaradas (bebidas gaseificadas, bebidas energéticas e café ou chá com muito açúcar) pelas crianças, adolescentes (média de 357 kcal em bebidas por dia) e adultos tem contribuído para esta pandemia, estando associada ao aumento de casos de Diabetes Mellitus tipo 2, Hipertensão Arterial e Doença Coronária. É o produto com maior conteúdo calórico disponível nos Estados Unidos da América (E.U.A.), correspondendo a cerca de 15% do consumo calórico diário, para além de ser pobre noutros nutrientes, não contribuir para a saciedade e estar ligada ao consumo de produtos salgados.
Ruyter et al. realizaram o Double-blind, Randomized Intervention Study in Kids durante 18 meses, no qual substituíram as bebidas açucaradas por bebidas adoçadas artificialmente (light). Foram selecionadas crianças saudáveis, não obesas, entre os 4 anos e 10 meses e os 11 anos e 11 meses de idade e as latas (250mL) entregues a cada uma delas continham 0 ou 26g de sacarose (0 ou 104 kcal por dia). As 477 crianças que consumiram as bebidas light durante os 18 meses ganharam menos 35% de gordura corporal (avaliada por impedância) em relação às que mantiveram o consumo de bebidas açucaradas, o aumento de peso ajustado à altura foi menor (P=0,002), assim como o aumento do IMC (P=0.001). Os efeitos benéficos manifestaram-se principalmente nos primeiros 6 meses do estudo. O facto de o estudo ter sido realizado com crianças saudáveis não permite que se tire conclusões em relação à eficácia das bebidas light em crianças obesas. O ensaio aleatorizado de Ebbeling et al. estudou 209 crianças e adolescentes com excesso de peso ou obesidade e teve a duração de 2 anos (1 ano de intervenção seguido de 1 ano de follow-up). No grupo de ensaio foi efectuada uma intervenção motivacional para tentar reduzir o consumo de bebidas açucaradas. Foi encontrada uma diminuição do IMC ao fim de 1 ano estatisticamente significativa, mas tal não se verificou no IMC ao fim de 2 anos, na gordura corporal nem na atividade física. Porém, ocorreu uma diminuição significativa (P=0,002) no tempo passado a ver televisão. O fornecimento de bebidas não-calóricas diminuiu o consumo energético dos adolescentes com excesso de peso ou obesidade, em comparação com o grupo controlo.
Mas será que o consumo de bebidas açucaradas estimula as características genéticas individuais relacionadas com a adiposidade? Qibin et al. encontraram uma interação significativa entre o consumo deste tipo de bebidas e a predisposição genética para a obesidade.
A evicção do consumo de bebidas açucaradas é um comportamento dietético que por si só poderá ser um fator importante no controlo do peso. Com base nesta premissa, a venda de refrigerantes em embalagens “XXL” em restaurantes, roulottes, cinemas e estádios foi proibida na cidade de Nova Iorque.

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