Por Joana Costa, USF das Conchas – Lumiar
Recentemente, foi publicado no Archives of Internal Medicine aquele que parece ser o primeiro ensaio clínico randomizado sobre o uso das estatinas e a sua associação com um aumento da fadiga e dimimuição da energia.
Este ensaio incluiu 1016 indivíduos de ambos os sexos, com níveis elevados de colesterol LDL (entre 115 e 190 mg/dL) mas sem doença cardiovascular ou diabetes, submetendo-os ao uso de sinvastatina 20mg, pravastatina 40mg e placebo.
Os resultados obtidos a 6 meses revelaram que o uso das estatinas tem como efeitos adversos significativos a diminuição da energia e o aumento da fadiga associada ao exercício, sendo que estes efeitos foram mais comuns no sexo feminino e com o uso da sinvastatina. Para tais conclusões, os autores utilizaram uma escala de auto-preenchimento em que os sujeitos classificavam as alterações sentidas em comparação com o seu estado prévio, aplicando EnergyFatigEx score, como se pode ver no quadro abaixo:
Alteração na energia/fadiga associada ao exercício (EnergyFatigEx score) para estatinas vs placebo
Group |
Placebo |
Statin |
p |
Simvastatin |
p |
Pravastatin |
p |
All |
-0.06 |
-0.21 |
0.005 |
-0.25 |
0.002 |
-0.17 |
0.06 |
Women |
-0.08 |
-0.39 |
0.01 |
-0.47 |
0.004 |
-0.31 |
0.07 |
Os autores concluem, assim, a necessidade de nos mantermos alerta aquando da prescrição/uso de estatinas, principalmente em grupos sem benefício na sua morbilidade/mortalidade, e que relatem algum dos efeitos adversos aqui avaliados.
Mais, que é importante a realização de novos estudos a longo prazo, uma vez que estes efeitos podem levar tempo a manifestarem-se, assim como o benefício associado às estatinas.