Guia da NICE para infecções do tracto respiratório superior

Por Mariana Morais (CS de Espinho), Helena Beça (USF Espinho), Mariana Tudela (USF Horizonte)

A NICE recomenda evitar a prescrição imediata de antibióticos na maioria dos utentes que apresentam sinais e sintomas de infecção do trato respiratório superior como otite, amigdalite, sinusite e constipações.

Nos adultos e crianças de idade superior a 3 meses com sintomas e exame físico sugestivos de otite media aguda, amigdalite / faringite aguda, constipação, rinossinusite aguda ou tosse aguda/ bronquite aguda deve ser adoptada uma estratégia de “não prescrição de antibióticos” ou “ prescrição adiada”.

Os doentes devem ser informados das medidas para o controlo adequado dos sinais e sintomas, incluindo a febre (antipiréticos).


O clínico deve garantir, de forma clara, que os antibióticos não são necessários na maioria das situações e por isso não melhoram as queixas, além de que podem estar associados a efeitos secundários (diarreia, vómitos, rash, …).

A história natural da doença deve ser explicada, nomeadamente a sua duração previsível (otite media aguda: 4 dias; amigdalite/faringite aguda: 1 semana; constipação: 1 ½ semana; rinossinusite: 2 ½ semana e tosse aguda / bronquite aguda: 3 semanas), tranquilizando assim o doente e/ou os seus familiares.

É fundamental que os pacientes tenham conhecimento de que devem ser reobservados se a situação clínica se agravar ou se prolongar para além do período previsível de doença.

 

Dependendo da avaliação clínica, pode ser considerada a estratégia de “prescrição imediata” de antibióticos nos seguintes pacientes:

  • Otite média aguda bilateral em crianças com menos de 2 anos.
  • Otite média aguda em crianças com otorreia.
  • Amigdalite / faringite aguda se 3 ou mais critérios de Centor1

1 Critérios de Centor: presença de exsudado nas amígdalas ou faringe, linfadenopatia cervical anterior dolorosa ou linfadenite, historia de febre e ausência de tosse.


A prescrição imediata de antibióticos deve ser utilizada se:

  • Paciente com elevado risco de complicações severas devido a comorbilidades (doença cardíaca, pulmonar, hepática, renal, neuromuscular, imunossupressão, fibrose cística e crianças pequenas que nasceram prematuras)
  • Paciente com idade superior a 65 anos com tosse aguda e dois ou mais dos seguintes critérios, ou idade superior a 80 anos com tosse aguda e um ou mais dos seguintes critérios:

§  Hospitalização no último ano.

§  Diabetes tipo 1 ou 2.

§  Historia de insuficiência cardíaca congestiva.

§  Corticoterapia.

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