Debate sobre a Medicina Baseada na Evidência

 

No número de Novembro do Canadian Family Physician de 2013, revista on-line, na página 1143 pode ler-se um texto em “Debate” excecionalmente bem escrito e fundamentado acerca da Medicina Baseada na Evidência (EBM em inglês) que inclui o seguinte parágrafo: “With evidence that does not stand the test of time and practice guidelines written with expert opinions, it’s no wonder that family physicians no longer know what to believe!” após referir que de novas práticas clínicas propostas em 363 artigos de jornais dos mais creditados no mundo científico mundial, nos dez anos seguintes surgiram 146 outros artigos a referir que as medidas anteriormente propostas não tinham efetividade comparando com a prática anterior ou com o nada fazer. E mais diz que as guidelines canadianas saídas em 2013 têm mais de 100 recomendações apenas baseadas em opinião de peritos.

Pois bem, se isto é assim em países que se regem por critérios estritos e que descobrem isto… De facto na página 1160 do mesmo número do Canadian Family Physician e acerca do sim à prática da EBM em Medicina de Família, aparece outro texto que expressa que há um problema de definição quanto ao que é a EBM e que será, no fundo “The lack of serious attention given to other kinds of evidence in the EBM model and to the problema of how to apply evidence thoughtfully outside of its context of production reveals that EBM’s theory of evidence is restrictive and incomplete”. Quer isto dizer que a EBM apenas é reprodutível nos seus resultados no contexto estricto em que foi estudada e que, fora daqueles ambientes haverá dificuldades na sua aplicação. De facto e segundo o mesmo artigo “Patients with comorbidities for whom the evidence base for care is almost nonexistent are one of the fastest growing patient populations in family practice. For them, the evidence-based medicine approach will most assuredly be not only overrated, but largely irrelevant, if it retains its current structure.”

Ou generalizando é o mesmo que dizer que a Medicina como a temos em MGF não é exactamente igual à que têm os médicos hospitalares, em particular quando têm o doente internado por uma doença… E eles definem as regras…

Luiz Miguel Santiago

MD, Médico de Família na USF Topázio

PhD, FCS da Universidade da Beira Interior

MaisOpinião - Luiz Miguel Santiago
Menu