Na edição online do Canadian Family Physician de Novembro de 2013 , saiu uma interessante reflexão sobre medicina centrada no consulente.
Quero aqui fazer uma afirmação de definição: consulente é, para mim, o cidadão que me consulta e utente é o cidadão utilizador e que paga ou não um serviço.
Em tal reflexão o médico americano que frequentou um programa de formação de alto gabarito de cinco anos, nos Estados Unidos, refere nunca ter entrevistado em tal estágio um paciente sob supervisão. Refere o Dr Alan Bonsteel que só quando chegou à “McGill University” é que teve orientação durante todas as entrevistas clínicas e os membros da Unidade de Medicina de Família e psicólogos clínicos a falarem e orientarem sobre como interagir com os consulentes. Refere ainda consultas sob observação em ala com dispositivo de vidro espelhado o que para ele foi uma experiência modificadora para o resto da carreira clínica.
Refere depois o Dr Alan Bonsteel “In the intervening 20 years, our profession has been transformed by the concept of evidence-based medicine—that every treatment we give our patients should be supported by scientific studies. I firmly believe that patient-centred interviewing would easily pass that test”.
Fazemos a entrevista ombro a ombro (mas que ombros e que formação e desenvolvimento contínuos para isto? Que certificação temos?). Em ambiente de formação preocupamo-nos muito com o diagnóstico pelo HLB27, pelas troponinas… pelo valor da Pressão Arterial, pelo aplicar das normas… Enfim…
E sistematicamente lemos nas Revistas de EBM que faltam estudos bem desenhados que dêem cabal resposta à pergunta colocada…
Será necessário dizer mais algo? Pensemos e melhoremos.
Luiz Miguel Santiago
MD, Médico de Família, USF Topázio
PhD, FCS da Universidade da Beira Interior