Meta-análise avalia risco de pneumonia associado às tiazolidinedionas

Por Pedro Azevedo, IFE MGF – USF Fânzeres

Tanto o Estudo RECORD como o Estudo PROactive levantavam reservas em relação aos riscos associados ao uso de rosiglitazona e pioglitazona respectivamente devido aos seus efeitos imunomodeladores. É dentro deste contexto que esta meta-análise surge. O objectivo específico foi o de determinar se há aumento do risco de pneumonias ou infecções do tracto respiratório inferior com o uso destes medicamentos.


A meta-análise selecionou 13 ensaios controlados randomizados que comparavam o uso de glitazonas com controlos. Concluiu-se que o uso de glitazonas está associado ao aumento de pneumonias e infecções do tracto respiratório inferior em doentes com diabetes tipo 2 (1,59% vs 1,06%; RR 1,4, IC 95% (1,08-1,82). O risco com a pioglitazona foi estatisticamente significativo mas não com a rosiglitazona, no entanto os estudos desta última podem simplesmente não ter apresentado força estatística suficiente.


As glitazonas são assim, e segundo as orientações do NICE medicamentos de 3ª linha no combate à diabetes tipo 2, após a metformina e as sulfonilureias. O risco de pneumonias junta-se assim ao riscos já relatados de fracturas e problemas cardiovasculares já associados ao uso de glitazonas.


Depois da saída do mercado europeu da rosiglitazona em Setembro de 2010 pelo risco cardiovascular associado, os médicos têm apresentado alguma desconfiança em relação aos restantes membros da família das glitazonas. Não devemos no entanto deixar que as nossas suspeitas nos encubram o raciocínio científico devendo sempre que possível basear as nossas decisões na melhor evidência científica. Por vezes veremos as nossas suspeitas fundamentadas como neste caso, outras vezes não. Vale a pena pensar nisto.

 

Artigo original: http://thorax.bmj.com/content/66/5/383.abstract?sid=26c26ee8-cb48-41dc-9862-a061da013df8

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