American College of Physicians revê valores-alvo da HbA1c






Pergunta clínica: No tratamento de adultos com diabetes tipo 2, quais os valores-alvo de HbA1c a atingir?


Desenho do estudo:
Revisão de normas de orientação publicadas em inglês relativas a 
valores-alvo de hemoglobina A1c em adultos com diabetes tipo 2. Pesquisa na National Guideline Clearinghouse and the Guidelines International Network”. Foram também pesquisadas as guidelines das seguintes organizações: American Association of Clinical Endocrinologists and American College of Endocrinology; American Diabetes Association, Scottish Intercollegiate Guidelines Network e a U.S. Department of Veterans Affairs and Department of Defense. Excluídas normas relativas a diabetes gestacional


Resultados:
Foram identificadas e classificadas seis normas de orientação.


Conclusão:

Recomendação 1: Os objetivos de controlo glicémico devem ser personalizados com base na discussão dos riscos e benefícios da farmacoterapia, preferências do doente, condição geral de saúde e esperança média de vida, consequências e custo dos cuidados.

Recomendação 2: O objetivo glicémico para a generalidade dos doentes serão valores de HbA1c entre 7% e 8%.

Recomendação 3: Deverá ser considerado rever e não intensificar o tratamento em doentes com níveis de HbA1c < 6.5%.

Recomendação 4: Doentes com diabetes tipo 2 com doença crónica (demência, cancro, doença renal terminal, DPOC severa ou insuficiência cardíaca congestiva), uma esperança média de vida inferior a 10 anos por idade avançada (≥ 80 anos) ou residência em lar, deverão ser tratados para minimizar os sintomas relacionados com a hiperglicemia, evitando níveis-alvo de HbA1c, uma vez que os riscos superam os benefícios nesta população.


Comentário:
O caráter inovador destas normas reside no facto de haver um certo relaxamento face aos valores-alvo. Estas normas de orientação enfatizam a importância da decisão terapêutica partilhada e individualizada, tendo em conta a multimorbilidade e características do doente, ao invés do foco em valores estanques de HbA1c. Apesar de focadas no tratamento farmacológico, estas recomendações enfatizam que valores-alvo baixos serão apropriados se obtidos através de alterações de estilo de vida, deixando uma nota relativa à importância do aconselhamento dietético e prescrição de exercício físico, assim como da cessação tabágica, controlo da tensão arterial e perfil lipídico para obtenção de um controlo glicémico adequado e prevenção de sequelas macrovasculares.

Artigo original: Ann Intern Med

Por Cláudia Silva, USF Prado 




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