Orientações para a obstipação

Por Diana Carneiro, IFE MGF, USF Horizonte

No Boletim MeReC do National Prescribing Center (NPC) de Janeiro de 2011 são descritas orientações para a obstipação, utilizando uma abordagem baseada em casos clínicos. São abordados alguns tópicos dos quais saliento:

– Quando é que os tratamentos não farmacológicos devem ser utilizados nos adultos?

A dieta rica em fibras e o exercício físico regular devem ser aconselhados quando as causas secundárias de obstipação forem excluídas e quando não existam fecalitos.

– Quando é que os laxantes devem ser utilizados para tratar a obstipação nos adultos?

Os laxantes nem sempre são necessários. Contudo, eles podem ser apropriados quando:

– a resposta ao tratamento não farmacológico foi inadequada ou quando não ocorreu efeito após quatro semanas

– existam fecalitos

– a obstipação ou a dejecção dolorosa estão associadas a doença ou cirurgia

– na gravidez/amamentação quando as medidas dietéticas e de alterações de estilos de vida tenham falhado

– o doente é idoso e com uma alimentação pobre

– a obstipação é secundária a um medicamento que não pode ser suspenso ou alterado (ex: opióides para a dor em neoplasias terminais)

– o doente está em período pré-operatório

– Qual é a evidência dos dados actuais sobre os diferentes laxantes?

Revisões sistemáticas publicadas em 2002 e 2005 encontraram apenas evidências limitadas ou moderadas para suportar a utilização de lactulose na obstipação crónica. Em 2005, foi efectuada uma revisão sistemática que encontrou apenas dois estudos de qualidade suficiente. Estes demonstraram que a lactulose é mais eficaz que placebo na melhora da consistência e da frequência das fezes. A revisão encontrou apenas um estudo que reportou efeitos adversos, este revelou maior distensão abdominal com a lactulose do que com placebo.

Relativamente ao polietilenoglicol (PEG), uma revisão sistemática com meta-análise publicada em 2010, revelou que o tratamento com PEG resulta num aumento significativo da frequência das dejecções comparativamente ao placebo. Uma revisão Cochrane de 2010 indicou que o PEG é estatisticamente mais eficaz que a lactulose em relação à frequência de dejecções por semana, à consistência das fezes e à necessidade de produtos adicionais (adultos e crianças). Relativamente ao alívio da dor abdominal, a revisão revelou que o PEG é estatisticamente mais eficaz que a lactulose apenas em crianças. Os autores realçaram que o número de estudos publicados comparando o PEG com a lactulose é escasso.

– Quais são as novas opções de tratamento disponíveis para a obstipação?

prucaloprida (Resolor®) é um novo medicamento licenciado para o tratamento da obstipação em mulheres nas quais os laxantes não conseguiram o adequado alívio. Contudo este fármaco deve ser usado com cautela em doentes com história de arritmias ou doença cardiovascular isquémica.

Artigo original:http://www.npc.co.uk/ebt/merec/therap/other/merec_bulletin_vol21_no02.html

Prescrição Racional
Menu