Desde que vos escrevi, há pouco mais de um mês, rebentou um guerra na Europa. Quem imaginaria que no rescaldo duma pandemia teríamos que aturar ditadores maníacos no nosso continente? Alguns saberão que fui até à fronteira da Polónia para trazer algumas famílias desalojadas. Não gosto de publicitar atos humanitários, mas as próprias ‘partilhas’ da Câmara Municipal de Gondomar, tornou inevitável explicar o que lá fui fazer nas redes sociais. Sem falsa modéstia, acho que fui um privilegiado em ir nesta missão, porque o meu hospital colabora regularmente com a câmara municipal e fez todo sentido para a administração darmos apoio médico quando nos pediram. Pelas mensagens que fui recebendo, sei que muitos gostariam de ter ido também. Até porque está na nossa natureza de médicos ficarmos inquietos perante semelhante tragédia.
Antes de vos dar uma sugesões de leitura tenho aqui um evento para vos sugerir. O Hospital-Escola da Universidade Fernando Pessoa realiza mais uma edição do Curso de Formação Contínua para MGF. São 7 sessões, em formato de webinar às 4ªs-feiras das 18h00-20h30, numa organização conjunta do HEFP com o ACES de Gondomar. Temas desta 3ª edição: Medicina Estética, Cefaléias, Obesidade, Menopausa, Hipertensão Arterial, Tumores Ósseos, Mindfullness. Começa já no dia 6 de Abril. Inscrevam-se aqui, por favor.
1. A primeira leitura que vos quero sugerir é a primeira edição deste ano do Seminars in Pediatric Surgery sobre Conditions of the gastrointestinal tract. Destaco o artigo Current management of pyloric stenosis: “Taken in summary, it is apparent that there may be postoperative benefits to a laparoscopic approach including shorter length of stay, shorter time to full feeds, and better cosmetic outcome at a possible small increased risk of mucosal perforation or incomplete pyloromyotomy compared to open pyloromyotomy. Given the uncertainty of the data, a surgeon is justified in choosing either approach, and the most effective and safest approach is likely to be that with which the surgeon is most comfortable.” De facto torna-se cada vez menos defensável não oferecer laparoscopia aos nossos doentes, principalmente nos centros em que a alternativa é uma incisão epigástrica.
2. Já no caso da correção das criptorquidias, ete artigo coloca alguma água na fervura. Ainda assim, para os testículos mais altos a indicação é laparoscopia. Laparoscopic versus open orchiopexy for palpable undescended testes: Systematic review and meta-analysis. “In LO, success rates were not affected by regular high dissection (p = 1.0), Prentiss maneuver (p = 1.0) or intrascrotal fixation (p = 1.0); in fact, higher complications rates were noticed with regular high dissection (p = 0.002) and Prentiss maneuver (p = 0.01). Meta-analysis showed no significant differences between LO and OO in success (p = 0.17) and complications (p = 0.14) rates, while LO cost was higher in all comparative studies. Conclusions Evidence shows higher benefit-cost ratio for OO and, therefore, the latter should remain the procedure of choice. LO can be alternatively used, as it shows comparable safety/efficacy, but it should not include high dissection, Prentiss maneuver and testis fixation, when unnecessary.”
3. Um artigo na Medscape deixou-me com a pulga atrás da orelha. Can Routine Prenatal Ultrasound Detect Autism? “Fetal abnormalities in the urinary system, heart, brain and elsewhere, detected via prenatal ultrasound, may signal autism spectrum disorder (ASD), new research suggests. (…) ASD cases had significantly smaller head circumference and narrower biparietal diameter heads compared with TDP controls after adjusting for fetal sex and gestational age. (…) In this new study, ocular distance relative to BPD was significantly larger in children with ASD, supporting previous evidence that children with ASD tend to have wide-set eyes.” Segundo os autores, mesmo com alterações inespecíficas na ecografia pré-natal é importante estar atento a sinais precoces de ASD nestas crianças.
Abraço,
João
Por João Moreira Pinto, MD PhD, Cirurgião Pediátrico
Linked in | Facebook | e-Mail: moreirapinto@gmail.com
Cirurgia Pediátrica, Centro Hospitalar Universitário do Porto | Hospital da Luz Arrábida/Guimarães | Hospital-Escola Fernando Pessoa