Suporte Básico de Vida: apenas compressões?

Pergunta clínica: perante uma paragem cardio-respiratória (PCR) de um adulto, em contexto não-hospitalar, qual deve ser a técnica de reanimação escolhida durante o suporte básico de vida (SBV) – apenas compressões torácicas ou compressões torácicas associadas à ventilação (procedimento padrão)?

Desenho do estudo: Meta-análise com pesquisa bibliográfica realizada na base de dados da Pubmed e Embase. Informações recolhidas: sobrevida após alta hospitalar, alterações neurológicas à data da alta e circulação espontânea à chegada ao hospital em doentes com paragem cardíaca extra-hospitlar e num subgrupo de paragem de etiologia cardíaca.

Resultados: Seleccionados 8 estudos com um total de 92033 doentes. O procedimento padrão esteve associado a uma maior sobrevida no momento da alta hospitalar [risk ratio (RR) 0.95, IC 95%, 0.91-0.99) e circulação espontânea à chegada ao hospital (RR 0.95, IC 95%, 0.92-0.99). Não foram encontradas diferenças relativamente a alterações neurológicas (RR 0.97, IC 95%, 0.91-1.04). No subgrupo de PCR de etiologia cardíaca, a sobrevida hospitalar foi semelhante entre os dois procedimentos (RR 0.99, IC 95%, 0.94-1.05). Com o procedimento limitado às compressões cardíacas, 12% dos doentes tiveram circulação espontânea, 8,4% sobreviveu e 4,3% teve outcomes neurológicos favoráveis, comparados com os resultados obtidos com o procedimento padrão (14,4%, 8,5% e 4,5%, respectivamente).

Conclusão: Segundo esta metanálise no subgrupo de PCR de etiologia cardíaca a técnica de reanimação com compressões torácicas teve uma taxa de sobrevivência semelhante à técnica com compressão e ventilação.

Comentário: Os resultados obtidos não permitem concluir que, quem tiver formação em SBV, deva optar apenas pelas compressões torácicas. O Manual de Suporte Básico de Vida do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) refere que se ocorrer uma PCR é recomendável iniciar compressões torácicas e ventilações de imediato. O INEM salienta a importância de seguir os diferentes passos da “cadeia de sobrevivência”: reconhecimento e pedido de ajuda, suporte básico de vida precoce, desfibrilhação atempada e cuidados avançados (estabilizar).  

Artigo original: Am J Emerg Med

Por Mariana Rio, USF São João do Porto

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