Uma abordagem organizada para o acompanhamento da doença crónica

Por Diana Carneiro, IFE MGF, USF Horizonte

A monitorização em consulta do progresso de um doente crónico necessita de tempo, o qual por vezes escasseia. Muitos médicos de família certamente já se interrogaram acerca do seu desempenho no seguimento destes doentes.

Foi precisamente esta questão que os autores deste artigo colocaram. Após análise estatística concluíram que o seu desempenho neste campo não era tão positivo como pensavam. Decidiram mudar o seu comportamento no seguimento destes doentes, mas queriam fazê-lo com uma abordagem organizada e uma equipa multidisciplinar.

Começaram por formar uma equipa líder do projecto constituída por um médico, um enfermeiro e um administrativo. Esta equipa líder tinha como função aprender como monitorizar o progresso de um doente crónico e posteriormente ser educadora e motivadora do restante pessoal. A constituição de uma equipa líder teve como objectivo tentar mudar o comportamento dos profissionais na prática clínica, sensibilizando-os para o acompanhamento centrado no doente. Realizaram reuniões em conjunto onde abordaram os seguintes temas: entrevista motivacional, teoria das fases de mudança de comportamento, estabelecimento de metas, desenvolvimento de planos de acção e suporte da auto-monitorização dos doentes.

Os resultados obtidos pelos autores conseguiram responder a algumas questões pertinentes, como:

– A constituição de uma equipa que acompanhe os doentes crónicos requererá pessoal adicional? Esta equipa não sentiu necessidade de o fazer, contudo afirma que é fundamental distribuir funções e responsabilidades pelos membros e educar o restante pessoal a encontrar o conjunto de habilidades necessárias.

– Os profissionais sentir-se-ão sobrecarregados com o aumento de trabalho e com as alterações no seu comportamento na prática clínica? Os autores sentiram uma grande satisfação profissional, uma vez que fizeram parte de uma equipa que tinha como objectivo a melhoria da assistência ao doente crónico. Contudo, os autores alertam que é necessário distribuir o trabalho pelos profissionais para conseguirem resultados positivos.

– Os médicos aceitarão uma abordagem partilhada no acompanhamento dos seus doentes crónicos? Muitos médicos apreciaram os recursos adicionais disponíveis para aumentar a adesão aos planos de seguimento acordados entre os médicos e os seus doentes.

– A produtividade sofrerá com as reuniões e os planos adicionais? O envolvimento pró-activo dos doentes resultou realmente num aumento de consultas, fazendo com que os doentes se responsabilizassem mais pela sua saúde.

– Estas mudanças de comportamento por parte dos profissionais de saúde obterão realmente melhorias na assistência aos doentes crónicos? Os autores obtiveram melhorias nas taxas de controlo metabólico e lipídico, nas taxas de vacinação e taxas de rastreio como demonstra a tabela seguinte.

– Os doentes gostarão desta abordagem? Nem todos os doentes responderam positivamente a esta nova abordagem. Contudo, muitos ficaram impressionados com a atenção que receberam e tornaram-se mais activos pela melhoria da sua saúde.

Os autores consideram que definindo claramente as funções de cada membro da equipa, aprimorando o processo de acompanhamento, usando os instrumentos correctos e envolvendo activamente os doentes; os médicos de família podem melhorar os resultados no acompanhamento dos seus doentes crónicos, o que beneficiará a sua prática clínica.

Artigo original: An organized approach to chronic disease care, Family Practice Managementhttp://www.nxtbook.com/nxtbooks/aafp/fpm_20110506/#/28

A não perder
Menu