A eficácia dos emolientes no tratamento de eczema infantil

 

 

Pergunta clínica: Quais os emolientes eficazes no eczema em idade pediátrica?

Enquadramento: Os pacientes com pele atópica são aconselhados a usar emolientes. Embora a evidência da sua eficácia clínica seja limitada, seu uso está enraizado na prática e nas diretrizes clínicas. Há poucas evidências para recomendar um tipo de emoliente em detrimento de outro.

Desenho do estudo: Revisão de tema. Incluiu uma revisão da Cochrane publicada em 2017 que avaliou a eficácia dos emolientes no eczema. Para complementar esta revisão foi ainda pesquisado na Ovid, MEDLINE e na Embase estudos entre 2017 e 2019, comparando diferentes emolientes utilizados em crianças com eczema.

Resultados: Uma revisão da Cochrane (77 estudos, 6603 participantes) observou efeitos benéficos com o uso da maioria dos emolientes no eczema. A evidência de que alguns emolientes ou os seus ingredientes eram melhores que outros é inconclusiva, levando à incerteza sobre a comparação dos emolientes, tanto entre eles quanto dentro de cada tipo. O estudo COMET comparou quatro tipos diferentes de emolientes (loção Aveeno, creme Diprobase, gel Doublebase, pomada Hydromol) em crianças até 5 anos de idade. Não foi possível comparar a eficácia das intervenções, mas a gravidade do eczema melhorou em todos os grupos ao longo de um período de 12 semanas. Um terceiro estudo foi incluído tendo sido randomizadas 335 crianças de 2-6 anos com dermatite atópica leve a moderada entre creme Dexeryl (V0034CR), creme Atopiclair ou nenhum emoliente tendo-se chegado à conclusão de que o número de crises foi menor em ambos os grupos emolientes, tendo o creme Dexeryl melhor desempenho que o creme Atopiclair. Perante a incerteza da escolha adequada de um emoliente os autores delinearem algumas estratégias:
1) Discutir a escolha de um emoliente com o paciente, procurando entender quais os emolientes que já foram aplicados e qual a tolerância e efetividade.
2) Explicar como deve ser aplicado o emoliente (com as mãos limpas, usando movimentos para baixo) e qual a sua frequência da aplicação (geralmente pelo menos duas vezes ao dia) se possível de forma escrita e personalizada.
3) Deve ser realizada reavaliação do tratamento duas a quatro semanas após início do tratamento.

Conclusão: Devido à variabilidade clínica do eczema é improvável que qualquer emoliente seja adequado a todos os pacientes. A eficácia e aceitabilidade dos emolientes variam de acordo com a gravidade do eczema, local do corpo, clima, crenças e preferências tanto do paciente como do médico que prescreve. Estudos adicionais deverão ser realizados de forma a estabelecer novas recomendações sobre emolientes baseadas na eficácia clínica comparativa e segurança em crianças.

Comentário: Os estudos comparativos entre emolientes são limitados. Com base nas evidências atuais, o emoliente adequado é aquele com que o paciente prefere após um período de teste.

Artigo original: BMJ

 Por Catarina Rosa, USF Beira Ria

 

 

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