Associar antimuscarínico ao alfa-bloqueador na HBP sintomática traz um benefício reduzido

 

Pergunta clínica: A combinação de antimuscarínicos com alfa-bloqueadores é segura e eficaz no tratamento dos sintomas por hiperplasia benigna da próstata?

Desenho do estudo: Revisão sistemática e meta-análise de ensaios clínicos aleatorizados em língua inglesa que compararam a eficácia e segurança da combinação de antimuscarínicos com alfa-bloqueadores versus alfa-bloqueadores isolados ou placebo no tratamento de pacientes com sintomas urinários por hiperplasia benigna da próstata. Foram utilizadas as bases de dados PubMed, MEDLINE, EMBASE e Cochrane, sendo selecionados os ensaios randomizados publicados até setembro de 2020. A selecção de estudos, extracção de dados e avaliação do risco de viés foram efectuadas de forma independente por dois revisores. As divergências foram resolvidas por consenso e, quando necessário, recorrendo a um terceiro revisor. Os antimuscarínicos estudados incluíram solifenacina, tróspio, mirabegron, entre outros.

Resultados: Foram incluídos 12 estudos, que envolveram um total de 4634 pacientes. Os estudos classificados com baixo risco de viés corresponderam a cerca de um terço dos incluídos, sendo os demais de risco moderado a alto. Os resultados mostraram que a associação de antimuscarínicos aos alfa-bloqueadores não levou a uma redução significativa do número de episódios de urgência urinária por dia ou do número de episódios de micção por dia. A única melhoria observada foi uma pequena redução do número de episódios de micção noturna (noctúria), equivalente a cerca de um episódio de micção a menos a cada seis noites. Por outro lado, os pacientes tratados com antimuscarínicos apresentaram maior risco de retenção urinária aguda, boca seca, obstipação e tonturas.

Comentário: Embora a combinação de antimuscarínicos e alfa-bloqueadores seja frequentemente prescrita para tratar os sintomas urinários em pacientes com hiperplasia benigna da próstata, este estudo sugere que essa abordagem pode ter um benefício limitado e aumenta o risco de eventos adversos como retenção urinária aguda, boca seca, obstipação e tonturas. É importante que consideremos cuidadosamente os riscos e benefícios na prescrição desta terapêutica para cada paciente individualmente.

Artigo original: J Urol

Por Daniela Macedo Gomes, USF Serra da Lousã

 

 

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