Impacto do "bullying" na saúde dos jovens

Pergunta clínica: Jovens que sofrem bullying apresentam pior estado de saúde?

Enquadramento: Bullying é definido como a prática intencional e repetida de agressão por uma pessoa (ou grupo) mais poderosa contra uma pessoa (ou grupo) menos poderosa.

Esta temática tem ganho destaque junto da sociedade americana nos últimos anos, nomeadamente devido aos casos mediáticos relacionados com suicídio juvenil.

Bullying é frequente entre os jovens americanos. Entre os factores que parecem tornar os jovens mais susceptíveis a bullying estão: os problemas de saúde crónicos (como incapacidade ou obesidade) e a orientação sexual.

Desenho do estudo: Estudo observacional, longitudinal e multicêntrico. Foram avaliados parâmetros como: qualidade de vida – vertentes física e psicossocial, depressão e auto-estima através de escalas aplicadas a 4297 jovens de mais de 100 escolas públicas de 3 zonas metropolitanas dos EUA, em 3 momentos do seu percurso escolar: 5º,7º e 10º anos de escolaridade. Foram usadas regressões de multivariáveis e feito o ajuste às características consideradas estigmatizantes para testar a associação entre bullying e estado de saúde.

Resultados: A prática de bullying está associada a piores estados de saúde tanto física como psicossocial, mais sintomas depressivos e menores níveis de auto-estima. Os indicadores de saúde são piores em jovens que vivenciaram experiências deste género tanto no passado como no presente, seguidos de jovens que apenas experienciam no presente e, por último, os jovens que apenas as sofreram no passado. Por exemplo, no último momento de avaliação (10º ano), em 44,6% das crianças vítimas de bullying no passado e no presente foram detectados baixos níveis de bem-estar psicossocial; o mesmo verificou-se em 30,7% das que sofrem este fenómeno na actualidade, em 12,1% das que o sofreram no passado e em 6,5% das que nunca foram vítimas de bullying.

Comentário: É importante o reconhecimento e intervenção, tanto precoce como tardia, neste tipo de situações. Destaca-se a oportunidade do Médico de Família para detectar sinais de agressão presente ou passada deste tipo durante a consulta de Saúde Infantil e Juvenil.

Artigo original

 Por Sandra Amaral, USF São Julião

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