Colonoscopia: preparações de baixo volume são eficazes

 

 

Pergunta clínica: Qual a eficácia de formulações para preparação de colonoscopia de baixo volume?

População: utentes de unidade de endoscopia
Intervenção: duas formulações de preparação de colonoscopia de baixo volume (uma de toma no próprio dia e a outra de toma dividida entre a véspera e o próprio dia)
Comparação: formulação de preparação de colonoscopia de elevado volume, de toma dividida ente a véspera e o próprio dia
Marcador (outcome): preparação intestinal adequada

Desenho do estudo: Ensaio clínico aleatorizado, multicêntrico. Os utentes de 10 unidades de endoscopia no Canadá foram aleatorizados para um dos seguintes braços: preparação 1 – 15mg bisacodilo no dia anterior + 2L polietilenoglicol no próprio dia; preparação 2 – 15mg bisacodilo + 1L polietilenoglicol no dia anterior + 1L polietilenoglicol no próprio dia; preparação 3 – 15mg bisacodilo + 2L polietilenoglicol no dia anterior + 2L polietilenoglicol no próprio dia. O marcador (endpoint) primário foi a preparação intestinal adequada segundo a Escala de Boston.

Resultados: Foram incluídos 1750 utentes, 582 no grupo 1, 585 no grupo 2 e 583 no grupo 3. Não houve diferenças estatisticamente significativas no grau de limpeza do intestino com as 3 preparações (baixo volume – mesmo dia, 90.5%; baixo volume – doses divididas 87.9%, P=0.17; e alto volume – doses divididas, 92.2%; P=0.34). A disposição dos participantes para repetir a preparação foi semelhante nos grupos das preparações de baixo volume (91.0% e 92.5%), mas inferior no grupo da preparação de alto volume (68.9%). Não se registaram diferenças estatisticamente significativas entre os grupos em relação à duração do procedimento, tolerância dos doentes, necessidade de repetição por má preparação, taxa de atingimento do cego ou de deteção de pólipos.

Comentário: A preparação intestinal para colonoscopia é um processo que tem quase tanto de necessário como de desagradável para os pacientes, que se queixam, designadamente, da duração do período de jejum e do volume de líquido que têm de ingerir. Este estudo pode contribuir para mudar este paradigma, na medida em que o único aspecto em que as diferenças se mostraram importantes, foi precisamente na tolerabilidade diminuída dos doentes à preparação de alto volume. Em tudo o resto, os resultados foram sobreponíveis. Estamos no bom caminho para tornar mais confortável um exame já de si tão invasivo. Seremos capazes de aplicar a mesma premissa a outras preparações pouco reputadas, como sejam a enteroressonância ou mesmo a prova de tolerância à glicose oral?

Artigo original: Am J Gastroenterol

Por Sara Vila Maior, USF Cruz de Celas

 

 

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