Complicações da colonoscopia

 

Por Maria João Macedo

 

Introdução

Nos Estados Unidos da América, desde 2002, que o número de colonoscopias realizadas tem vindo a aumentar, representando 50% dos procedimentos endoscópicos realizados.

Neste estudo, foi definido como “evento major” qualquer intercorrência de saúde nos 30 dias depois do exame que necessitasse de cuidados médicos hospitalares ou de urgência; como “eventos minor” qualquer intercorrência de saúde decorrida nos 30 dias após o procedimento que não necessite desses cuidados. As complicações major são raras. Frequentemente as complicações major estão associadas à sedação, maioritariamente eventos cardiopulmonares (> 1%). A maior parte dos eventos adversos ocorre nas unidades de endoscopia, no entanto, podem ocorrer dias após o procedimento.

O objetivo deste estudo foi avaliar a incidência de eventos adversos major e minor associados à colonoscopia nos primeiros 30 dias após a colonoscopia.

Métodos

Foi aplicado um questionário estandardizado que averiguou a ocorrência de complicações major ou minor, a recorrência a cuidados médicos e o absentismo associado. As complicações referidas foram classificadas como possivelmente, provavelmente ou não associadas ao exame endoscópico.

Resultados e discussão

Foram incluídos no estudo 1144 indivíduos. Nos 30 dias subsequentes à colonoscopia, uma pequena proporção de utentes experienciou eventos secundários major (0,8%), mas 30% dos pacientes referiu a ocorrência de eventos minor.

 

Complicações Major (0,3%)

Possivelmente relacionadas (0,8%)

Provavelmente relacionadas (0,5%)

Retorragias (n=4)

Infeção do trato urinário (n=2)

Desconforto abdominal (n=2)

Acidente isquémico transitório (n=2)

Tonturas (n=1)

Embolia pulmonar (n=1)

 

Complicações Minor (40,7%)

Possivelmente relacionadas (29,4%)

Provavelmente relacionadas (3,1%)

Desconforto abdominal (n=195)

Lombalgias (n=10)

Retorragias (n=64)

Infeção do trato urinário (n=6)

Alteração dos hábitos intestinais (n=62)

Sintomas cardíacos (n=6)

 

Outros estudos mostraram que o risco de perfuração é maior quando o endoscopista realizou menos de 200 colonoscopias e que aumentando o tempo de procedimento aumenta o risco de eventos adversos minor. Verificou-se não existir diferença significativa entre o absentismo associado à ocorrência de complicações major e minor. Em média, os pacientes faltam ao trabalho no dia posterior ao procedimento. Os pacientes que experienciaram algum efeito secundário revelaram menor vontade de repetir o procedimento. Como o número de eventos major foi muito reduzido, não foi possível identificar fatores de risco para a ocorrência de eventos definitivamente relacionados com a colonoscopia. No entanto, foram mais frequentes em idosos e mulheres. A idade é um fator de risco comprovado por outros estudos anteriores, no entanto para o sexo feminino os resultados são inconsistentes.

Conclusão

Este estudo corrobora a segurança da colonoscopia realizada por rotina. Admite-se que a incidência real dos eventos adversos é subestimada em número e impacto. Uma proporção significativa de doentes sofre complicações minor até alguns dias após o exame, diminuindo a vontade de repetir o procedimento e a compliance aos programas de rastreio. Destaca-se a importância da consciencialização do médico e paciente de que a colonoscopia é um procedimento invasivo incomodativo, salientando-se a necessidade de prescrição de terapêutica sintomática e da monitorização de complicações após a colonoscopia.

Artigo original

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