American Cancer Society recomenda o rastreio de cancro do pulmão em indivíduos de alto risco

Por Liliana da Silva Correia, USF Grão Vasco 


A American Cancer Society publicou em Janeiro 2013 uma guideline sobre o rastreio do cancro do pulmão (CP) baseada no National Lung Screening Trial, que revelou que a taxa de mortalidade específica por CP poderá ser reduzida através de um rastreio anual por TAC de baixa dose nos indivíduos com alto risco de CP.

Recomendações:

O rastreio de CP anual através de TAC pulmonar está recomendado em pessoas aparentemente saudáveis com idades entre os 55-74 anos que têm uma história de tabagismo de pelo menos 30 maços-ano e que ainda fumam ou são ex-fumadores há menos de 15 anos. Devem ser excluídos deste rastreio indivíduos que apresentem comorbilidades graves com sobrevida limitada, que necessitem de oxigenioterapia no domicílio ou que possuam implantes ou dispositivos metálicos no tórax ou no dorso.

Os indivíduos elegíveis para este rastreio deverão tomar uma decisão informada em conjunto com o seu médico, tendo em conta os seus potenciais benefícios, limitações e riscos:

Benefícios:

– Reduz a taxa de mortalidade específica por CP.

– Os indivíduos rastreados apresentam maior taxa de cessação tabágica comparativamente àqueles que não foram rastreados.

Limitações:

– A TAC pulmonar não deteta todos os CP e a sua deteção não garante que a morte por CP seja evitada.

Riscos:

– Ansiedade associada a exames com resultados anormais e a achados incidentais pulmonares ou extra-pulmonares.

– Probabilidade significativa de falsos positivos que requerem exames adicionais para determinar se a anormalidade é de facto CP ou se é um achado incidental não relacionado com CP, o que implica exposição à radiação e custos adicionais.

– Complicações decorrentes de procedimentos de diagnóstico invasivos (p.e. biópsia pulmonar) em 1.4% dos casos. Esta taxa de complicações é muito superior nos indivíduos com CP relativamente aos casos falsos-positivos (23,3% Vs. 0,4%). A morte nos 60 dias seguintes ao procedimento diagnóstico é rara, sendo mais frequente nos indivíduos com CP.

 

O rastreio de CP não deve ser discutido com os indivíduos que não preenchem os critérios elegíveis para este rastreio.

O rastreio de CP através de Rx-tórax não é recomendado. O National Lung Screening Trial publicado em Novembro 2010 demonstrou uma redução estatisticamente significativa de 20% na mortalidade por CP num grupo de indivíduos de alto risco de CP que fizeram 3 rastreios anuais consecutivos com TC comparativamente aos que fizeram 3 rastreios anuais com Rx-tórax.

O rastreio da CP não é uma alternativa ao aconselhamento de cessação tabágica, devendo este último ser prioritário. Os fumadores devem ser informados sobre os riscos de continuarem a fumar e serem referenciados para programas de cessação tabágica.

Artigo original  


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