O diagnóstico difícil da mononucleose infecciosa




Pergunta clinica: quais os sintomas, sinais e exames laboratoriais necessários ao diagnóstico de mononucleose infecciosa?

Enquadramento: a mononucleose infecciosa é uma infecção vírica, provocada pelo vírus do Epstein-Barr, cujo diagnóstico preciso nem sempre se revela fácil, sendo muitas vezes tratada como uma infecção bacteriana, com consequente recurso desnecessário a antibióticos.

Desenho do estudo: Revisão sistemática da literatura relativamente à importância e relevância dos sintomas, exame físico e fórmula leucocitária no diagnóstico da mononucleose infecciosa entre pacientes com odinofagia ou que tivessem sido testados para mononucleose infecciosa. Bases de dados utilizadas: PubMed (de 1966 a 2016) e a EMBASE (de 1947 a 2015) com um total de 670 artigos e resumos elegíveis. Critérios de inclusão: artigos com indivíduos com queixas de odinofagia ou amostras de conveniência. Critérios de exclusão: estudos de tipo caso-controlo; artigos com dados suficientes para cálculo de probabilidade, sensibilidade e especificidade; e estudos que comparassem o teste índex com um critério diagnóstico de referência (por exemplo, a pesquisa de imunoglobulina por vírus de Epstein-Barr). Todos os artigos foram revistos por pelo menos dois investigadores quanto aos critérios de inclusão e qualidade e, no caso de discrepância de opinião, um terceiro investigador revia o artigo de modo a obter consenso. 11 estudos foram incluídos de acordo com os critérios de elegibilidade.

Resultados: A mononucleose infecciosa é mais comum em doentes com idade compreendida entre os 5 e os 25 anos, principalmente entre os 16 e os 20 anos, faixa em que 1 em cada 13 pacientes com odinofagia têm mononucleose. A probabilidade de mononucleose infecciosa é reduzida na ausência de odinofagia ou de cefaleia, assim como, de linfadenopatias, sendo que a probabilidade aumenta com a presença de adenopatias cervicais posteriores, inguinais ou axilares, petéquias do palato e esplenomegáia. Os sintomas têm valor limitado no diagnóstico, sendo a odinofagia e a fadiga sensíveis mas não específicas. A presença de linfócitos atípicos aumenta de forma significativa a probabilidade de mononucleose. A combinação da presença de linfocitose superior a 50% e linfócitos atípicos superiores a 10% é igualmente útil, sendo que a esplenomegália está presente em 7 a 53% dos pacientes. Também a presença de monocitose aumenta a probabilidade do diagnóstico. 

Comentário: Nos adolescentes e adultos com odinofagia, a presença de adenopatias cervicais posteriores, inguinais ou axilares, petéquias do palato, esplenomegália ou linfocitose atípica aumenta a probabilidade de mononucleose infeciosa. É importante ter em conta a idade, antecedentes e clínica no diagnóstico desta patologia. O exame objectivo cuidadoso nunca deve ser descurado, permitindo detectar a presença de adenopatias, petéquias palatinas e esplenomegália.

Artigo original:JAMA

Por Ana Rita Magalhães, USF Topázio



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