Elevada prevalência de eventos cardiovasculares agudos em pessoas internadas com gripe

 

 

Pergunta Clínica: Qual a prevalência de eventos cardiovasculares agudos em doentes internados com gripe?

Desenho do estudo: Estudo transversal, que envolveu a rede de vigilância de hospitalização da gripe dos EUA entre 2010 e 2018.  Foram incluídos no estudo adultos internados por infecção pelo vírus influenza, confirmada laboratorialmente (teste positivo 14 dias antes ou 3 dias após a admissão hospitalar). A identificação dos eventos cardiovasculares agudos foi feita com base nos diagnósticos primário e secundário de alta, segundo a codificação da Classificação Internacional de Doenças (CID). Dados como a idade, sexo, raça/etnia, hábitos tabágicos, patologias crónicas, vacinação contra o vírus influenza, medicação antivírica contra influenza e tipo ou subtipo de vírus influenza foram incluídos em modelos de regressão logística para descrever os factores associados a insuficiência cardíaca aguda ou isquemia aguda do miocárdio.

Resultados: Foram incluídos 89 999 pacientes, com mediana de idade de 69 anos, sendo que 39,2% não tinham sido vacinados contra a gripe nessa época. Destes, 11,7% tiveram um evento cardiovascular agudo. Os eventos mais comuns foram insuficiência cardíaca aguda (6,2%) e isquemia aguda do miocárdio (5,7%). Factores como idade avançada, tabagismo activo, doença cardiovascular prévia, Diabetes Mellitus e doença renal associaram-se a maior risco de insuficiência cardíaca aguda e isquemia aguda do miocárdio. Dos doentes com eventos agudos, 31,2% necessitaram de internamento em unidade de cuidados intensivos, 14,0% estiveram sob ventilação mecânica e 7,3% morrreram no hospital. De ressalvar que os doentes vacinados contra a influenza antes da hospitalização apresentaram menor risco para eventos cardiovasculares (insuficiência cardíaca aguda: risco relativo ajustado [aRR] 0,86; IC 95% 0,80 – 0,92; isquemia aguda do miocárdio: aRR 0,80; 0,74 – 0,87).

Comentário: Neste estudo, cerca de 12% dos internados por influenza tiveram um evento cardiovascular agudo com consequente morbi-mortalidade intra-hospitalar. A vacinação contra a gripe pode ser protectora deste tipo de eventos, o que reforça a importância de atingir elevadas taxas de vacinação, especialmente em doentes com condições crónicas. A subdetecção de casos de gripe e erros na codificação dos eventos cardiovasculares poderão ser limitações deste estudo.

Artigo original: Ann Intern Med

Por Sofia do Vale Pereira, USF Trevim Sol

 

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