“How The Word Is Passed” por Clint Smith
Acreditar que as páginas da história são apenas um conjunto de factos imutáveis é de uma ingenuidade avassaladora. Afinal, como acertadamente escreveu Orwell, “a história é escrita pelos vencedores”. Lembrei-me frequentemente desta famosa citação enquanto lia “How The Word Is Passed”, de Clint Smith. Aclamado como um dos melhores livros de 2021, na categoria de não ficção, é uma obra que se percebe melhor com o seu sub-título: “A Reckoning With the History of Slavery Across America”. Trata-se do relato na primeira pessoa duma viagem pelos EUA e Senegal. O escritor visitou locais marcantes e descreveu a sua visão, bem como os testemunhos dos que se cruzaram com ele. Ao longo das páginas fica patente a persistente ausência de informação na forma como a história da escravatura é contada. Só para dar um exemplo, poucos conhecem as reais condições de vida dos escravos nas plantações e menos ainda estão disponíveis para reconhecer que os pais fundadores da primeira república americana eram donos de escravos. Isto não apaga, obviamente, a importância de Jefferson e da sua inspiradora defesa pela “pursuit of happiness”. Mas é importante sabermos todos os factos para entendermos as actuais tensões e lutas. Só um olhar límpido do nosso passado nos permitirá criar pontes para um futuro mais tolerante.
Aclamado como um dos melhores livros de 2021, na categoria de não ficção, é uma obra que se percebe melhor com o seu sub-título: “A Reckoning With the History of Slavery Across America”. Trata-se do relato na primeira pessoa duma viagem pelos EUA e Senegal.
Por Luís Monteiro