Por Lígia Torres Lima, USF São João de Sobrado

Pergunta Clínica: A revascularização miocárdica com implante de stent associada a terapêutica médica é superior à terapêutica médica isolada na melhoria dos outcomes cardíacos e mortalidade, em doentes com doença coronária (DC) estável? 

Sinopse: Uma meta-análise publicada em Fevereiro de 2012 na revista Archives of Internal Medicine incluiu 8 ensaios clínicos randomizados, envolvendo 7229 doentes submetidos a intervenção coronária percutânea com implante de stent e/ou terapêutica médica, para abordagem de DC estável. O tempo médio de seguimento foi de 4,3 anos. Destes estudos, 3 envolviam doentes estáveis após-enfarte agudo do miocárdio (EAM) com oclusão persistente da artéria afectada e 5 envolveram doentes com angina estável/isquemia demonstrada no teste de sobrecarga. Cerca de 75% dos doentes eram do sexo masculino. A maioria foi medicada com aspirina, beta-bloqueadores, inibidores da enzima conversora da angiotensina e estatinas.

Os autores investigaram o efeito de cada intervenção na taxa de mortalidade, incidência de EAM não fatal, revascularização não programada e angina persistente, não tendo encontrado diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos (“associação stent/ medicação” versus “medicação isolada”).

Conclusão: Nos doentes com DC estável, o implante coronário de stent associado a terapêutica médica não é superior à terapêutica médica isolada na diminuição da mortalidade nem na prevenção da recorrência de EAM ou angina (nível de evidência1a). Assim, os autores concluem que, nestes doentes, o tratamento de primeira linha consiste na optimização da medicação, não havendo benefício numa intervenção coronária percutânea inicial.

Este estudo vem reforçar que “menos é mais”, sendo possível uma abordagem baseada na evidência, com melhoria dos cuidados prestados, menores custos e razão risco/benefício mais favorável.

Artigo original: http://archinte.jamanetwork.com/article.aspx?articleid=1108733