Lombalgia: qual a evolução habitual?

Por Ana Mafalda Macedo, IFE MGF – UCSP Carvalhido


Pergunta clínica: Qual a evolução clínica habitual da dor e da incapacidade em pacientes com lombalgia aguda ou persistente?


Comentário: A lombalgia é uma condição clínica associada a elevados custos em saúde, incapacidade e absentismo laboral. Apesar da sua grande prevalência, as questões relacionadas com o seu prognóstico permanecem ainda incertas. Dada a importância dos indicadores de prognóstico que, ao oferecerem ao doente expectativas realistas, ajudam a evitar a frustração, a realização excessiva de exames complementares de diagnóstico e o sobretratamento, os autores propuseram-se a realizar uma revisão sistemática da literatura com meta-análise sobre o curso clínico de dor e incapacidade em pacientes com dor lombar aguda ou persistente. Para isso, realizaram uma pesquisa rigorosa de todos os estudos de coorte prospectivos, isto é, estudos que reuniram um grupo de doentes com lombalgia e os seguiram no tempo. Os autores não incluíram ensaios randomizados, argumentando que estes estudos frequentemente apresentam critérios de inclusão muito estreitos, com prejuízo para a generalização dos resultados. Foram identificados dois grupos de estudos coorte, um de doentes com lombalgia aguda e subaguda (com menos de 12 semanas de evolução) e um de doentes com lombalgia persistente (duração entre 12 semanas e 12 meses). Os estudos eram de razoável qualidade, com aproximadamente ¾ a apresentarem menos de 20% dos doentes perdidos no follow-up. Dos 21 estudos coorte a apresentarem a dor como outcome, 15 incluíram doentes com lombalgia aguda e 6 incluíram doentes com lombalgia persistente. Os autores ajustaram a duração dos sintomas, com base na duração média dos sintomas previamente à inclusão no estudo. Nos doentes com lombalgia aguda, numa escala de classificação de 0 a 100 pontos, a dor diminuiu de 69 no início do estudo para 28 às 6 semanas, 12 às 26 semanas e 4 ao fim de um ano. Nos doentes com lombalgia persistente, o score da dor foi de 55 às 6 semanas, 29 às 26 semanas e 17 ao final de um ano. Os scores de incapacidade apresentaram um padrão semelhante nos doentes com lombalgia persistente: o score basal foi de 51, de 28 às 6 semanas, 17 às 26 semanas e 11 ao fim de um ano. Nos doentes com lombalgia aguda, os scores de incapacidade foram de 57 no início do estudo, 28 às 6 semanas, 17 às 26 semanas e 11 ao ano.


Conclusão: A maioria dos doentes com lombalgia aguda ou persistente apresentam uma melhoria significativa nas primeiras 6 semanas, altura a partir da qual a melhoria é lenta e com pouco significado. Verificou-se também que em alguns doentes, particularmente na coorte com lombalgia persistente, persistiram ainda dor e incapacidade ligeiras a moderadas um ano após o seu início.


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