O impacto do tabagismo na morte súbita cardíaca

Liliana da Silva Correia, USF Grão Vasco 

 

O tabagismo é um fator de risco conhecido de Morte Súbita Cardíaca (MSC), contudo o impacto da duração da história tabágica e da quantidade de cigarros fumados por dia e o efeito da cessação tabágica a longo prazo no risco de MSC ainda não estão esclarecidos.

Pergunta clínica: Qual o impacto da duração do tabagismo, da quantidade de cigarros fumados por dia e da cessação tabágica a longo prazo no risco de MSC?

Desenho do estudo: Foi publicado um estudo prospectivo na Circulation: Arrythmia & Electrophysiology, que incluiu 101018 mulheres participantes no Nurses’ Health Study, as quais não possuíam antecedentes de patologia coronária, acidente vascular cerebral nem de cancro à data de início do estudo (1980). Estas mulheres foram seguidas durante 30 anos.

Resultados: Neste período verificaram-se 351 eventos de MSC. Comparativamente com as não fumadoras, as fumadoras tinham um risco 2.44 (95% CI, 1.80-3.31) vezes maior de MSC. Verificaram, também, que existe uma relação linear entre o risco de MSC quer com a quantidade de cigarros fumados por dia (p<0.0001), quer com a duração da história tabágica (p<0.0001). As fumadoras leves a moderadas (definidos neste estudo como aquelas que fumam 1 a 14 cigarros por dia) têm um risco 1.84 (95% CI, 1.16-2.92) vezes maior de MSC do que as não fumadoras, sendo que o risco de MSC aumenta 8% (HR 1.08; 95% CI, 1.05-1.12, p<0.0001) por cada 5 anos de tabagismo contínuo. O risco de MSC diminuiu linearmente com o tempo após a cessação tabágica e 20 anos após deixar de fumar o risco é equivalente ao de uma pessoa que nunca fumou (p<0.0001).

Comentário: Este estudo vem, assim, reforçar o grande impacto do tabagismo no risco de MSC e a importância da cessação tabágica na diminuição e mesmo eliminação desse risco. É crucial que o médico de família incentive a cessação tabágica, como forma de prevenção de MSC nas mulheres fumadoras.

 Artigo original  

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