O peso depois do tabaco…

Por Mariana Rio, USF São João do Porto

É sabido que os fumadores pesam, em média, menos do que os não-fumadores e que os ex-fumadores pesam mais do que os fumadores e do que os não-fumadores. Tal acontece porque a nicotina presente no cigarro suprime o apetite e aumenta o metabolismo basal.

Publicado no British Medical Journal a 10 de julho de 2012, este artigo tem como finalidade avaliar o ganho de peso durante os primeiros 12 meses de cessação tabágica em indivíduos que o fazem com a utilização da terapia de substituição da nicotina, com bupropriona (300mg/dia) ou vareniclina (2mg/dia).

Foram incluídos 62 estudos. A validação bioquímica da abstinência tabágica foi feita em todos os estudos, exceto um. Um estudo permitia aos participantes que tivessem um “deslize” (por não mais de 7 dias seguidos) e outro permitia que os participantes fumassem 3 cigarros por semana, mas validava-os como abstinentes através da medição do monóxido de carbono.

Em todos os grupos, houve aumento de peso nos primeiros 3 meses (cerca de 1Kg/mês), com diminuição progressiva da taxa de aumento de peso. Ao fim de 12 meses de abstinência, o ganho de peso encontrado foi cerca de 4-5kg. Porém, foi possível calcular a percentagem de indivíduos que perderia peso, ganharia até 5Kg, entre 5 e 10Kg ou mais de 10Kg ao fim de 1 ano de abstinência tabágica:

· perder peso – 16-21%
· ganho inferior a 5Kg – 35-38%
· ganho de 5 a 10Kg – 29-34%
· ganho superior a 10Kg – 13-14%

Não foi encontrada diferença entre indivíduos motivados para perder peso e a população geral de fumadores. O principal viés encontrado foi a ausência de referência ao ganho de peso, sendo este apenas abordado quando era demasiado elevado (em 25% dos estudos). Os dados foram recolhidos em clínicas especializadas no tratamento da dependência do tabaco, cujos doentes à partida seriam fumadores “pesados” e com um grau de dependência maior. Consequentemente, o ganho de peso seria maior. Além disso, apenas é estudada esta variável nos indivíduos que mantêm a abstinência, não se avaliando as variações de peso naqueles que se tornam de novo fumadores e nos que se mantêm sempre fumadores.

Este artigo permite que os médicos informem melhor os fumadores que querem deixar de fumar, assim como a deteção/prevenção precoce do ganho de peso durante a cessação tabágica (fator que poderá levar a uma “recaída” e limitar os benefícios da cessação tabágica).

Artigo Original

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