Por Célia Oliva
No âmbito do projecto PLCO Trial (Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Screening Trial), foi divulgado o estudo que avalia a incidência e mortalidade do cancro colo-rectal (CCR), usando como método de rastreio a sigmoidoscopia flexível. Deste modo, foi elaborado um estudo randomizado multicêntrico com vista a comparar o rastreio com sigmoidoscopia flexível com o seguimento habitual e o seu efeito na incidência e mortalidade do CCR.
Metodologia:
Foi abrangida uma amostra de 154 900 homens e mulheres entre 55 e 74 anos durante um período médio de follow-up de 11,9 anos. O grupo de intervenção realizou uma sigmoidoscopia flexível de base e após 3 anos (os que iniciaram randomização antes de 1995) ou após 5 anos. O exame foi considerado positivo se houver sido encontrado um pólipo ou uma massa, tendo estas pessoas sido reencaminhadas para o seu médico assistente.
Resultados:
No grupo submetido a rastreio por sigmoidoscopia flexível observou-se uma redução global de 26% na mortalidade por CCR e uma redução de 21% na incidência de CCR. No que concerne ao CCR distal a mortalidade foi reduzida 50% e a incidência 29%. Uma redução de 14% na incidência de CCR proximal foi observada, sem diferenças significativas relativamente à mortalidade.
– Foi necessário rastrear 282 pessoas para prevenir 1 caso de CCR.
– Foi necessário rastrear 871 pessoas para prevenir 1 caso de morte por CCR.
Discussão:
Variáveis como tempo de follow-up, tratamento e mortalidade de acordo com o estadiamento tumoral foram similares nos 2 grupos de estudo, o que sugere que os benefícios observados são diretamente atribuíveis ao rastreio com sigmoidoscopia flexível.
Neste estudo, o 2º exame endoscópico realizado como rastreio aumentou a probabilidade de diagnóstico de cancro ou adenoma avançado em 26% nas mulheres e 34% nos homens.
Os autores estimaram que usando colonoscopia em vez de sigmoidoscopia flexível como método de rastreio, teria ocorrido um aumento de 16% no número de cancros detectados aproximadamente e que 2/3 desse aumento pudesse ser atribuível a uma maior detecção de tumores proximais.
Em comparação com o estudo do Minnesota de PSOF, o teste endoscópico presume-se que tenha um maior efeito protetor na diminuição da incidência de CCR, exigindo um menor número de avaliações.
Em conclusão, e analogamente a estudos europeus prévios, o rastreio com sigmoidoscopia flexível em conjugação com colonoscopia (para diagnóstico e seguimento após testes anormais) foi associado a significativo e clinicamente importante decréscimo na incidência e mortalidade por CCR, especialmente o distal.
Artigo original: http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1114635