Probióticos e diarreia associada aos antibióticos

Por Pedro Azevedo, IFE MGF – USF Fânzeres

Pergunta Clínica: Qual a evidência do uso de probióticos na prevenção e tratamento de diarreias associadas a antibióticos (DAA)?

Sinopse: Para o estudo da pergunta formulada foi feita uma revisão baseada na evidência das bases de dados: DARE, Cochrane Library of Systematic Reviews, CENTRAL, PubMed, EMBASE, CINAHL, AMED, MANTIS, TOXLINE, ToxFILE, NTIS, e AGRICOLA . As referências cruzadas dos artigos encontrados foram também consideradas até à data de Fevereiro de 2012. Dois investigadores independentes reviram os estudos controlados randomizados (ECR) sobre probióticos (Lactobacillus, Bifidobacterium, Saccharomyces, Streptococcus, Enterococcus, and/or Bacillus) para a prevenção. Um total de 82 ECRs encontrados satisfaziam os critérios de inclusão. A maioria dos artigos tinha como probiótico o Lactobacillus apenas ou em associação com outro genero; as estirpes estavam pouco documentadas. Destes estudos, 63 ECRs apresentavam o número de indivíduos com diarreia e o número de indivíduos alocados para cada um dos gurpos. O risco relativo para o conjunto de 63 ECRs, com 11811 participantes, foi calculado segundo o algoritmo DerSimonian de efeitos randomizados para meta-análises.

O risco relativo de 0.58 (95% CI, 0.50 a 0.68; P < .001; I2, 54%; [risk difference, −0.07; 95% CI, −0.10 to −0.05]), demonstra que a toma de probióticos protegem contra a diarreia induzida por antibióticos de forma estatisticamente significativa e o número necessário para tratar [13; 95% CI, 10.3 to 19.1] induz a importância clínica de tal fato. Este resultado mostrou-se pouco alterado com análise de subgrupos. No entanto, há ainda uma heterogeneidade significativa nos resultados colhidos e a evidência é insuficiente para determinar se esta associação varia sistematicamente com a população, características dos antibióticos ou da preparação de probióticos.

Conclusões: A evidência colhida sugere que a ingestão de probióticos se relaciona com uma redução da diarreia associada a antibióticos. No entanto, mais investigação é necessária nesta área.

Comentário: Um artigo interessante sob o ponto de vista metodológico e honestidade das conclusões. De facto, embora todas os cuidados tenham sido tidos em conta, como o uso do algoritmo Der Simonian de efeitos randomizados para meta-análises (que pressupõe a correcção dos desvios padrões para intervalos mais alargados dos estudos tendo em conta as variações nos restantes ou seja, a heterogeneidade dos dados) , mantém-se cuidadoso nas suas conclusões.

A boa ciência faz-se, de fato, em pequenos passos, com cuidado. Quanto ao artigo em si, não deixa de ser mais uma arma a ser usada nos Cuidados de Saúde Primários e Secundários. Em doentes que devido à idade ou co-morbilidades em que a polimedicação é uma desvantagem, termos a indicação de que os probióticos podem melhorar os quadros de diarreia associada a antibióticos apresenta-se como uma vantagem aparentemente simples e de baixo custo. Durante a crise que ultrapassamos, este é um artigo para nos lembrarmos. Vale a pena pensar nisto.

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