Quando e onde foi a tua participação Programa Hippokrates da APMGF?
Eu participei no Programa Hippokrates de 20 a 31 de maio de 2013, na Tel Nordau Clinic em Tel-Aviv, Israel.
O que te levou a optar por Israel?
A minha opção por Israel foi algo fortuita. O meu plano inicial era visitar um país do norte da Europa mas após alguns contratempos e depois de visitar novamente a página do Movimento Vasco da Gama, apercebi-me que o projeto se tinha alargado recentemente a Israel. Após uma breve pesquisa decidi arriscar e visitar uma realidade completamente desconhecida para mim, tanto a nível da prática clínica como a nível da vida quotidiana. Fui atraído por um país conhecido pelos seus extremos: tecnologia de ponta e conflitos, história e insegurança.
Em que atividades participaste?
Durante o estágio acompanhei principalmente a atividade clínica diária da minha anfitriã, a Dr.ª Lyn Solod. Observei também pontualmente outras atividades que a clínica disponibiliza aos utentes, nomeadamente consultas de genética, dermatologia e cuidados de enfermagem.
Após sugestão do coordenador nacional do Programa Hippokrates em Israel, tive também oportunidade de visitar durante 2 dias o kibbutz Revivim, uma coletividade comunitária no sul de Israel, e conhecer a prática clínica de um médico nessa realidade.
O que te surpreendeu mais no estágio?
Aquilo que mais surpreendeu foi a cidade de Tel Aviv. É uma cidade jovem, liberal, multicultural. Encontrei um país seguro, aberto aos visitantes, com os cidadãos dispostos a discutir a sua história e os problemas atuais … e excelentes praias.
O sistema de saúde israelita pode ser um modelo para Portugal? Porquê?
Acho que podemos aprender algumas coisas com o modelo que eles aplicam. O sistema israelita baseia-se na subscrição obrigatória de seguros de saúde que garantem um pacote uniformizado de benefícios. Os utentes podem mudar de seguradora uma vez por ano. O financiamento é feito diretamente pelos utentes (com pagamentos de aproximadamente €15 por mês) e impostos progressivos. Alguns serviços são administrados diretamente pelo Ministério da Saúde.
Este sistema parece abranger também toda a população, com a vantagem de que pode resultar numa maior competitividade. Potencialmente, isto pode resultar num melhor atendimento para os utentes, especialmente na rapidez do acesso a determinadas consultas de especialidade, e na qualidade das instalações (dou estes exemplos porque são problemas em algumas áreas de Portugal). No entanto, também pode resultar em piores condições de trabalho para os médicos de família , com mais horas de trabalho, menos tempo para cada paciente e piores salários, condicionando sua prática clínica. Um dos aspetos negativos de que eu me apercebi foi o grande volume de consultas, sem suficiente intervalo entre cada paciente de modo a refletir adequadamente sobre cada caso.
Quais os conselhos práticos que podes dar a um colega português que queira estagiar em Israel?
O único pré-requisito que recomendo a quem queira fazer um estágio semelhante em Israel é ter um conhecimento razoável da língua inglesa. A maioria dos israelitas domina adequadamente este língua e praticamente todos as interações são feitas em inglês. Não me pareceu que aprender hebraico fosse necessário para aproveitar melhor este estágio de curta duração.
Relativamente à viagem, as autoridades alfandegárias são muito minuciosas e fazem muitas perguntas sobre a nossa estadia em Israel. O ideal, de forma a agilizar o processo, é levar uma impressão de todos os documentos do processo de estágio, incluindo o correio eletrónico trocado com o anfitrião e coordenadores. Depois, é só participar no Programa Hippokrates. De certeza que não se vão arrepender.
Entrevista conduzida por Luís Monteiro