Por Ricardo Rocha, UCSP Moimenta da Beira
Pergunta clínica: O rastreio da diabetes em indivíduos de risco diminui a mortalidade em comparação com “não rastreio”?
Desenho do estudo: Estudo controlado, aleatorizado por cluster e multicêntrico. 33 unidades de cuidados de saúde primários da zona Este de Inglaterra foram aleatoriamente distribuídas por 3 grupos distintos: rastreio + tratamento intensivo (15 unidades de saúde), rastreio + tratamento habitual de acordo com as guidelines nacionais (13 unidades de saúde) e grupo controlo, sem realização de rastreio (5 unidades de saúde). Para a identificação dos indivíduos com alto risco para DM 2 foi utilizada uma escala de risco para diabetes. Os autores recorreram ao instituto oficial de estatística para monitorizarem a taxa e causa de mortalidade.
Resultados: Foram identificados 20 184 adultos com alto risco para DM 2. Os participantes tinham idades compreendidas entre os 40 anos e 69 anos, e foram acompanhados por uma média de 10 anos. 94% dos pacientes potencialmente elegíveis foram convidados a ser rastreados, 75% participaram, e 3% foram diagnosticados com diabetes. A taxa de mortalidade global dos doentes rastreados foi de 10,5 (por 1000 pessoas-ano), em comparação com 9,9 em pacientes não rastreados. Também não houve diferença estatisticamente significativa no número de mortes por causa cardiovascular (3,3 e 3,2, respectivamente), ou nas mortes relacionadas com o cancro (4,8 e 4,4, respectivamente).
Comentário: O rastreio de diabetes nos doentes de alto risco não diminui a mortalidade a 10 anos. As conclusões deste estudo vão ao encontro da literatura científica publicada pelo que devemos usar os nossos recursos limitados em acções que fazem realmente a diferença, como, por exemplo, na motivação para a cessação tabágica.