Recomendação USPSTF contra o rastreio de DPOC

 


 

Pergunta clínica: Existe evidência para recomendar o rastreio de doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) em adultos assintomáticos nos cuidados de saúde primários?

Desenho do estudo: A United States Preventive Services Task Force (USPSTF) procedeu, em 2022, a uma actualização da sua recomendação de 2016 sobre rastreio de DPOC em indivíduos assintomáticos. Para esta actualização, utilizou um processo de reafirmação, no qual apenas um muito alto nível de evidência justifica uma alteração no grau de recomendação. Para esta deliberação, a USPSTF analisou, assim, se a nova evidência apresentava força e qualidade suficientes para alterar as conclusões previamente retiradas. Os estudos considerados incluíram adultos que não reconhecessem ou reportassem sintomas respiratórios, sendo excluídas populações com risco muito alto de DPOC (indivíduos com deficiência de alfa-1 antitripsina ou trabalhadores expostos a certas toxinas ocupacionais).

Resultados: A USPSTF não encontrou ensaios clínicos que avaliassem directamente a eficácia do rastreio da DPOC. Os ensaios versando terapêutica farmacológica demonstraram evidência de melhoria dos marcadores (outcomes) relacionados com o paciente em adultos com DPOC moderada. Contudo, não foi encontrada evidência similar para os assintomáticos ou doentes com DPOC ligeira. Dados provenientes de estudos observacionais revelaram uma associação significativa entre a utilização de antagonistas muscarínicos de longa acção e agonistas beta de longa acção e a ocorrência de eventos cardiovasculares. Também foi encontrada associação entre a utilização de corticóides inalados e o risco de desenvolver Diabetes. Deste modo, a USPSTF reafirmou a sua recomendação de 2016 contra o rastreio da DPOC em adultos assintomáticos (recomendação D).

Comentário: Esta actualização de recomendação da USPSTF verificou os possíveis efeitos adversos da farmacoterapia e avaliou, pela primeira vez, as intervenções não farmacológicas. Assim, além dos possíveis efeitos adversos do tratamento instituído, devem ser considerados outros factores relacionados com o rastreio da DPOC em pessoas assintomáticas, tais como o tempo despendido no aconselhamento e na prestação de serviços e custos do encaminhamento dos pacientes para exames complementares de diagnóstico.

Artigo original: JAMA

Por Ana Sofia da Costa Oliveira, USF da Barrinha

 

 

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