Rastreio do VIH: Recomendações da USPSTF

Por Ângela Alves, USF Santo António

A United States Preventive Services Task Force (USPSTF) publicou, em Abril de 2013, uma atualização das recomendações publicadas em 2005 relativas ao rastreio da infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH). A importância desta temática advém da elevada prevalência da infecção e do fato de cerca de 20-25% dos portadores desconhecerem a sua seropositividade.

As principais recomendações desta revisão encontram-se descritas em seguida:

População a rastrear

Adolescentes e adultos com idade compreendida entre os 15 e os 65 anos de idade.

-Indivíduos com idade fora deste intervalo apenas se apresentarem elevado risco de contrair a infecção.

-Todas as grávidas, inclusive durante o trabalho de parto se este dado for desconhecido.

-Força de recomendação A.

Avaliação do risco de nova infecção pelo VIH

-Indivíduos em muito alto risco: Homens que têm relações sexuais com homens e usuários de drogas injetáveis.

-Outros fatores de risco: Presença ou suspeita de outras doenças sexualmente transmissíveis; Relações sexuais desprotegidas (via vaginal ou anal); Parceiro seropositivo, bissexual, ou usuário de drogas injectáveis; Indivíduos que têm relações sexuais em troca de dinheiro ou drogas.

Testes de rastreio disponíveis

-Teste sérico convencional – Sensibilidade e Especificidade > 99.5%; resultados em 1-2 dias.

-Teste rápido – Sensibilidade e Especificidade > 99.5%; resultados em 5-40 minutos. Se positivo requer confirmação pelo método convencional.

Frequência de repetição do rastreio

-Evidência insuficiente para determinar o intervalo ótimo entre rastreios.

-Testar uma vez para identificar quais os indivíduos seropositivos.

-Rastrear anualmente (pelo menos) os indivíduos de muito alto risco.

-Rastrear indivíduos com outros factores de risco, com intervalos de 3/3 ou 5/5 anos.

-Rastrear em todas as gravidezes.

Intervenções terapêuticas/preventivas

-Tratamento anti-retroviral (TARV)

–Diminui o risco de progressão para SIDA e de eventos relacionados com SIDA.

–Diminui a mortalidade.

–Diminui a transmissão da doença.

–Se iniciada precocemente, tem ainda mais potencial na redução destes riscos.

-Imunizações

-Profilaxia de infeções oportunistas

Riscos do rastreio versus Benefícios

-A detecção precoce e instituição de TARV na fase assintomática (apenas detectável por rastreio) acarretam um benefício substancial na diminuição do risco de progressão para SIDA, eventos relacionados com SIDA e morte.

-Na grávida, a detecção e tratamento precoces reduzem a taxa de transmissão vertical.

-A consciencialização da presença de infecção pelo doente traduz-se na evicção de comportamentos de risco, reduzindo assim a transmissão horizontal.

-Os eventos adversos da TARV são frequentemente transitórios e auto-limitados. A longo prazo pode estar associada a complicações cardiovasculares, sendo ainda incerta a relação causal com TARV ou com a própria infeção.

Outras recomendações:

-Prevenção primária/ Aconselhamento, no sentido da evicção de factores de risco

                                                                                                                                                                       Artigo original

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