Revisão sistemática e meta-análise: eficácia da estratégia SMART no controlo da asma







Pergunta clínica: No tratamento da asma, o esquema terapêutico de manutenção e alívio com o mesmo inalador, designado por esquema “SMART”, é mais eficaz do que o esquema com corticosteroide inalado com ou sem agonistas adrenérgicos beta de longa duração (LABA) como terapêutica de manutenção e agonistas beta de curta duração (SABA) como terapêutica de alívio?


População: doentes com idade ≥ 5 anos com asma persistente

Intervenção: terapêutica inalatória com associação de LABA com corticosteroide

Comparação: esquema SMART versus corticosteroide inalado com ou sem LABA como terapêutica de manutenção e SABA como terapêutica de alívio

Outcome: Agudizações por asma

Desenho do estudo: Revisão sistemática e meta-análise.

Resultados: 16 ensaios clínicos aleatorizados (N=22.748 asmáticos), dos quais 15 avaliaram o regime terapêutico SMART, como terapêutica combinada de budesonida e formoterol em inalador de pó seco. Nos doentes asmáticos com 12 ou mais anos de idade (n=22.524; média de idades 42 anos; 65% género feminino [14.634]), o regime terapêutico SMART associou-se a um menor risco de agudizações da asma quando comparado com a  mesma dose de corticosteroides inalados e LABA como terapêutica de controlo (Risco Relativo, RR=0,68; IC95% [0,58; 0,80] e Diferença de Riscos, DR=-6,4%, IC95% [-10,2%; -2,6%]) e também quando comparado com uma dose mais elevada de corticosteroides inalados e LABA como terapêutica de controlo (RR=0,77; IC95% [0,60; 0.98] e DR=-2,8%, IC95% [-5,2%; -0,3%]). Resultados similares foram encontrados quando o regime terapêutico SMART foi comparado com corticosteroides inalados isolado como terapêutica de controlo. Nos doentes asmáticos com idades compreendidas entre os 4 e os 11 anos de idade (n=341; mediana de idades 8 anos; 31% género feminino [69]), o regime terapêutico SMART associou-se a um menor risco de agudizações da asma quando comparado com uma dose mais elevada de corticosteroides inalados como terapêutica de controlo (RR=0,55; IC95% [0,32; 0,94] e DR=-12,0%, IC95% [-22,5%; -1,5%]) ou quando comparado com a mesma dose de corticosteroides inalados associado a LABA como terapêutica de controlo (RR=0,38; IC95% [0,23; 0,63] e DR=−23.2%; IC95% [−33,6%; −12,1%]).

Conclusão:Nesta meta-análise de doentes com asma persistente, o uso do regime terapêutico SMART (vs. corticosteroides inalados como terapêutica de controlo da doença, com ou sem LABA associado, e SABA como terapêutica de alívio) associou-se a um menor risco de agudizações da asma. A evidência para doentes entre os 4 e os 11 anos de idade é limitada.

Comentário: Trata-se de um estudo com uma metodologia adequada. Apesar de incluir poucos artigos e, como tal não ter sido possível uma análise formal de viés de publicação, eram todos do tipo ensaio clínico aleatorizado e reuniu evidência de cerca de 22.500 asmáticos.  Numa altura em que o número de inaladores tem aumentado, é interessante para o doente asmático poder combinar no mesmo inalador o seu tratamento para a doença, tanto para o controlo como para agudização, precisando apenas de aumentar o número de inalações por dia. Este poderá ser o elemento-chave do regime terapêutico SMART – ser mais simples e, assim, melhorar a adesão terapêutica do doente. Nunca é demais recordar a necessidade de capacitar os doentes asmáticos com revisão a cada consulta da técnica inalatória e de fornecer um plano escrito para as agudizações.

Artigo original: JAMA

Por Ana Sequeira, USF Lethes 



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