Programa de Tai Chi previne quedas em idosos




Pergunta clínica:  Em idosos com elevado risco de queda, a prática de Tai Chi modificado resulta num menor número de quedas?

População: Idosos com pelo menos uma queda nos últimos 12 meses ou com mobilidade limitada
Intervenção: Programa de Tai Chi modificado especificamente orientado para o equilíbrio e fortalecimento de idosos
Comparação: Prática de Tai Chi modificado  vs programa de múltiplos exercícios vs alongamentos
Outcome: Incidência de quedas

Desenho do estudo: Estudo randomizado controlado realizado em Oregon, EUA.  Foram selecionados idosos com pelo menos uma queda nos últimos 12 meses ou com mobilidade limitada, mas a viver em ambulatório. Os utentes foram aleatoriamente distribuídos por um dos três grupos. Em todos os grupos foram realizadas duas sessões de 60 minutos de atividade física por semana ao longo de 6 meses. Num grupo, a atividade física constou de um programa de Tai Chi Quan modificado, especialmente desenhado para idosos com o objetivo de promover o equilíbrio e o fortalecimento muscular. Noutro grupo, a atividade física constou de um programa de múltiplos exercícios (exercício aeróbico, força, alongamento e flexibilidade). No terceiro grupo, a atividade física era constituída apenas por exercícios de alongamentos. Marcador primário: incidência de quedas durante o período de intervenção, a qual foi avaliada mensalmente segundo diversas metodologias (calendário diário de quedas, chamada telefónica). Dos 670 participantes, a idade média era de 77 anos, 65% eram do sexo feminino.

Resultados: No decorrer dos 6 meses de intervenção, 48.4% dos participantes reportaram quedas, sendo o risco significativamente menor no grupo que realizou o Tai Chi modificado que no grupo de múltiplos exercícios (p=0.04), verificando-se que estes dois grupos apresentavam risco de queda significativa menor do que o grupo dos alongamentos (p<0.001). A redução do risco de queda face ao grupo dos alongamentos foi de 58% e 31%, respetivamente para o grupo do Tai Chi modificado e para o grupo de múltiplos exercícios. Ainda que tenha ocorrido um número significativamente menor de quedas com lesão grave no grupo do Tai Chi modificado face ao grupo dos alongamentos (8 vs 25; p=0.008), não se verificaram diferenças significativas em lesões graves decorrentes de quedas entre ambos os grupos.

Comentário: Estudo pertinente que comprova benefícios com a prática do Tai Chi modificado. Os próprios autores defendem que é um modelo facilmente aplicável e adotável na prática clínica e com francos benefícios no risco de queda.

Artigo original: JAMA Intern Med

Por  Ana Aires, USF Alpha



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