Pergunta clínica
Qual é o melhor tratamento oral em monoteropia para a onicomicose nos pés em adultos?
Desenho do estudo
O objetivo desta meta-análise em rede foi comparar a eficácia de diferentes regimes orais de antifúngicos no tratamento da onicomicose. Foram selecionados 21 estudos, após pesquisa de várias bases de dados, que investigassem a eficácia de tratamentos em monoterapia com antifúngicos orais. Para cada estudo e resultado, foi calculada a superfície cumulativa sob a curva de classificação (SUCRA), uma medida de probabilidade de um regime de tratamento ser eficaz ou causar efeitos adversos. Os marcadores relacionados com eficácia que foram analisados foram: cura micológica e cura completa após 1 ano de tratamento. Os marcadores relacionados com a segurança foram: efeitos adversos durante 12 meses, probabilidade de descontinuação de tratamento por qualquer evento adverso, e probabilidade de descontinuação de tratamento por problemas hepáticos.
Resultados
Foram analisados 35 regimes de tratamento. No que diz respeito à taxa de cura completa aos 12 meses, os melhores resultados foram encontrados para 250 mg de terbinafina uma vez por dia durante 12 semanas, seguido de nenhum tratamento por 12 semanas, seguido de 250 mg de terbinafina uma vez por dia por mais 4 semanas (SUCRA = 82,7%). A este esquema sucedem-se como alternativas o mesmo regime, mas com período de tratamento inicial de 8 semanas (SUCRA = 80,4%); tratamento com 400 mg de albaconazol uma vez por semana durante 36 semanas (SUCRA = 80,4%). Em relação à maior probabilidade de cura micológica, o tratamento com terbinafina 250 mg uma vez por dia durante 24 semanas foi o que apresentou melhor resultado (SUCRA = 92,4%). Para além disso, a terbinafina também apresentou melhor perfil de segurança.
Comentário
Com base na eficácia, segurança e custo, um regime de terbinafina 250 mg uma vez por dia durante 12 semanas, seguido de um período de 12 semanas sem terapêutica e, em seguida, um reforço de 4 semanas de terbinafina 250 mg é o tratamento de eleição para a onicomicose nos pés em adultos, pois é o que apresenta maior probabilidade de cura completa ao fim de 1 ano. Nesta meta-análise, não é providenciada uma avaliação global relativa à qualidade e ao risco de viés dos estudos incluídos. Em Portugal, muitos dos fármacos incluídos nestes regimes, não se encontram disponíveis ou não estão aprovados para o tratamento de onicomicose, pelo que não serão opções viáveis. Um outro aspeto a ter em consideração é o facto de a terbinafina ter um custo muito inferior aos restantes tratamentos.
Artigo original: Br J Dermatol
Por Maria Santos, USF Viseu-Cidade