Anticorpos monoclonais podem desempenhar um papel no tratamento da osteoartrose

 

Pergunta clínica: Nos utentes com osteoartrose moderada a grave do joelho ou anca e resposta inadequada ao tratamento com analgésicos, qual é o efeito do tanezumab subcutâneo na dor articular, na função física e na avaliação global do utente com osteoartrose?

Enquadramento: O tanezumab é um anticorpo monoclonal em investigação, que atua ligando-se e inibindo o nerve grow factor que aumenta como resultado de lesões, inflamações ou dor crónica. Ao inibir o nerve grow factor, o tanezumab impede que os sinais de dor produzidos pelos músculos, pele e/ou órgãos, cheguem ao cérebro.

Desenho do estudo: Estudo randomizado, duplamente cego e multicêntrico que decorreu de Janeiro de 2016 a 14 de Maio de 2018. Os utentes avaliados tinham 18 ou mais anos de idade, com diagnóstico de osteoartrose do joelho ou anca com resposta inadequada a analgésicos e sem evidência radiográfica de outra patologia articular prévia. Neste ensaio clínico participaram 698 utentes, administrou-se o tanezumab subcutâneo em doses fixas, em intervalos de 8 semanas ou com uma titulação forçada na semana 8, em comparação com o placebo, resultando em melhorias estatisticamente significativas na dor articular, na função física e na avaliação global do utente com osteoartrose (PGA-osteoartrose) ao longo de 16 semanas.

Resultados: Dos 698 participantes randomizados, 696 receberam uma ou mais doses de tratamento e 582 completaram o estudo. Da linha de base para 16 semanas, os scores médios de dor no WOMAC diminuíram de 7,1 para 3,6 no grupo tanezumab 2,5mg; de 7,3 para 3,6 no grupo tanezumab 2,5/5mg; e 7,3 para 4,4 no grupo placebo. Os scores médios da função física diminuíram de 7,2 para 3,7 no grupo de 2,5 mg; de 7,4 para 3,6 no grupo de 2,5 / 5 mg e de 7,4 para 4,5 com placebo. Os scores médios na avaliação global do utente com osteoartrose diminuíram de 3,4 para 2,4 no grupo de 2,5 mg; de 3,5 para 2,4 no grupo de 2,5 / 5 mg e de 3,5 para 2,7 com placebo. A osteoartrose rapidamente progressiva ocorreu apenas em pacientes tratados com tanezumab (2,5 mg: n = 5, 2,2%; 2,5 / 5 mg: n = 1, 0,4%). A incidência de substituição total da articulação foi de 3,5%, 6,9% e 1,7% no tanezumab 2,5 mg; tanezumab, 2,5 / 5 mg; e grupos placebo, respectivamente.

Comentário: Nos utentes com osteoartrose moderada a grave do joelho ou anca e resposta inadequada aos analgésicos, o tanezumab comparado ao placebo, resultou em melhorias estatisticamente significativas nos scores que avaliam a dor e a função física e na avaliação global do utente com osteoartrose. No entanto, o número de utentes com necessidade de substituição total da articulação foi superior nos grupos tratados com tanezumab. São necessários estudos adicionais de forma a determinar a importância clínica destes resultados, nomeadamente para esclarrece o balanço entre os benefícios e eventuais danos.


Fonte da imagem: JAMA

Artigo original: JAMA

  Por Filipa Jorge, USF Santa Luzia  

 

 

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