USPSTF: vale a pena rastrear a disfunção tiroideia?



Pergunta clínica: Vale a pena rastrear a disfunção tiroideia em indivíduos assintomáticos?

Enquadramento: A disfunção tiroideia é muito prevalente e pode apresentar-se de forma assintomática. Em Portugal o hipotiroidismo subclínico tem uma prevalência estimada de 4-10%.

Desenho do estudo: Revisão realizada pela USPSTF sobre os benefícios e danos provocados pelo rastreio da disfunção tiroideia em adultos assintomáticos, assim como o impacto do respetivo tratamento.

Resultados: Cerca de 2-5% dos doentes com hipotiroidismo subclínico e 1-2% dos com hipertiroidismo subclínico evoluem para patologia clinicamente presente. Porém, 37% e 25%, respectivamente, regridem para um estado eutiroideu. Não foram encontrados estudos que tivessem em conta os benefícios do tratamento da disfunção tiroideia subclínica.

Conclusão: A evidência científica actual é insuficiente para avaliar os riscos e benefícios do rastreio da disfunção tiroideia em adultos assintomáticos.

Comentário: Sendo a patologia tiroideia tão frequente poder-se-ia pensar que a sua detecção precoce e numa fase assintomática seria benéfica, impedindo o aparecimento de quaisquer sintomas que causassem morbilidade. Porém, ainda se geram muitas incertezas à volta deste tópico: o limiar para se decidir iniciar tratamento ainda está mal definido, pois há uma grande variabilidade da secreção de TSH dado que esta é dependente de outros factores. Para prevenir o sobrediagnóstico o médico de família deve avaliar cada caso tendo em conta as características particulares do doente tais como, por exemplo, os seus antecedentes pessoais e familiares.

Artigo original:Ann Intern Med

Por Mariana Rio, USF São João do Porto





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