Vacina nonavalente contra o HPV




Pergunta clínica: A vacina nonavalente contra o vírus do papiloma humano (HPV) é mais efectiva do que a quadrivalente?

Enquadramento: A vacina quadrivalente contra o HPV (4HPV) incluída no Plano Nacional de Vacinação é activa contra os 4 subtipos HPV oncogénicos (6, 11, 16 e 18) responsáveis por cerca de 70% das neoplasias cervicais. A vacina nonavalente (9HPV) é activa contra 9 subtipos HPV, incluindo os da 4HPV e adicionalmente os subtipos  31, 33, 45, 52, e 58 que são responsáveis por mais de 20% dos cancros do colo do útero

Desenho do estudo: Estudo randomizado controlado e duplamente cego, de base populacional, que incluiu inicialmente 1242 mulheres como grupo controlo com o objectivo de estabelecer a dose mais efectiva, tendo recebido 1 a 3 doses de 4HPV ou 9HPV. Na fase seguinte, 13 598 mulheres receberam a dose considerada mais efectiva na fase anterior de 4HPV ou de 9HPV. As mulheres incluídas foram seleccionadas a partir de vários países do mundo, tendo uma média de idades de 22 anos (idade mínima 16 anos e máxima 26 anos) e o acompanhamento decorreu durante 60 meses. Metade das participantes apresentavam serologias positivas para HPV no início do estudo. Considerou-se como marcador (outcome) primário a existência de lesões cervicais de alto grau ou doença vaginal/vulvar causada por um dos 5 subtipos de HPV não incluídos na 4HPV e, como marcadores secundários a existência de diferenças entre os 4 subtipos partilhados e efeitos secundários.

Resultados: relativamente ao marcador primário, as taxas de lesão cervical de alto grau ou de doença vaginal/vulvar foram significativamente mais baixas com a vacina 9HPV (0,1 vs 1,6 por 1000 mulheres/ano). Não se verificou diferença entre os grupos no que diz respeito aos subtipos partilhados pelas vacinas, sendo que a vacina 9HPV induziu graus de imunogenicidade semelhantes à 4HPV em relação aos subtipos 6, 16 e 18 e apenas ligeiramente inferiores para o subtipo 11. Após análise do tipo intenção para tratar, não existem diferenças no outcome primário entre os grupos (14 vs 14 casos/1000 mulheres/ano). Contudo, se se considerarem apenas as mulheres não infectadas previamente, verifica-se uma redução da incidência de HPV no grupo 9HPV (2,4 vs 4,2 casos/1000 mulheres/ano). A incidência de efeitos adversos foi semelhante entre os grupos, verificando-se mais mulheres a referir dor e edema com a vacina 9HPV.

Comentário: Este estudo verificou que a nova vacina nonavalente é, no global, semelhante em termos de eficácia à quadrivalente. Verificou-se apenas um ligeiro benefício nas mulheres previamente não infectadas, porém, teriam de se vacinar 160 mulheres com a 9HPV para prevenir 1 lesão cervical de alto grau em 3 anos. Esta investigação foi apoiada financeiramente pela indústria farmacêutica.

Artigo original:N Engl J Med

Por Ana Rita Magalhães, USF Topázio  



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