Pergunta clínica: Em pacientes idosos a fazer corticoterapia, o ácido alendrónico reduz o risco de fratura?
População: Idosos medicados com prednisolona.
Intervenção: Terapêutica com ácido alendrónico.
Comparação: Ácido alendrónico + prednisolona vs prednisolona
Outcome: Fratura da anca.
Enquadramento: O tratamento com corticoides é a principal causa de osteoporose secundária e está associado a risco aumentado de fratura, especialmente em idosos. Existe pouca evidência quanto à eficácia do ácido alendrónico na proteção da fratura da anca em idosos medicados com corticoides.
Desenho do estudo: Estudo de coorte retrospetivo. Incluídos doentes com idade igual ou superior a 65 anos que faziam parte de uma base de dados nacional sueca. Os doentes medicados com ácido alendrónico e prednisolona foram comparados (1:1) com indivíduos medicados apenas com prednisolona. O grupo ácido alendrónico não apresentava história de tratamento prévio com aquele medicamento, tendo iniciado tratamento com ácido alendrónico após a toma de prednisolona (≥ 5mg/dia) durante, pelo menos, 3 meses. Critérios de exclusão: história de cancro metastizado, doença renal crónica terminal, valores extremos de peso, altura ou índice de massa corporal. Outcome principal: fratura da anca. Incluídos 3604 indivíduos, com idade média de 79,9 anos (DP: 7,5 anos); 70% eram mulheres.
Resultados: Após um acompanhamento médio de 1,32 anos (IC: 0,57-2,34 anos) registaram-se 27 fraturas da anca no grupo ácido alendrónico e 73 no grupo não-ácido alendrónico, correspondendo a uma diferença de risco absoluto de fratura de -17,6 (IC 95%: -24,8 – -10,4). O tratamento com ácido alendrónico não esteve associado a aumento do risco de sintomas do trato gastrointestinal superior e não se verificaram diferenças entre os grupos no risco de lesões por queda. O tratamento com ácido alendrónico esteve associado a menor risco de morte (35,6%), do que no grupo controlo (38,7%) (RR 0.88 (IC 95%: 0,79-0,88)). O benefício do tratamento com ácido alendrónico foi maior nas mulheres do que nos homens (p<0.001 e <0.03, respetivamente).
Conclusão: O tratamento com ácido alendrónico esteve associado com menor risco de fratura da anca em indivíduos idosos medicados com doses médias a elevadas de prednisolona (≥5mg/dia). O benefício foi maior no sexo feminino
Comentário: Este estudo parece indicar que o ácido alendrónico pode ser uma opção na prevenção de fraturas da anca em idosos medicados com prednisolona. Estes resultados estão limitados pelo pequeno número de fraturas ocorridas e pelo facto de ser um estudo observacional. É possível que nem todos os efeitos adversos do ácido alendrónico tenham sido reportados uma vez que os registos dos cuidados de saúde primários não foram incluídos neste estudo. A referir também que a maioria dos participantes eram de raça caucasiana o que limita eventuais generalizações.
Por Sandra Sá, USF Baltar